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domingo, 3 de maio de 2009

A VITÓRIA DO NÁUAS

Não sou torcedor do Náuas. Fora o detalhe de ser cruzeirense, nada mais temos em comum.
Acompanhei a vitória do Náuas diante da “poderosa” equipe do Rio Branco, e diferente do que os cronistas esportivos falam, não considero o Rio Branco tão poderoso assim. Assim como o Náuas também não o é.
O time mais poderoso do Acre toma de quatro do Santos que perde para o CSA em casa.

Jogo é jogo, e foi por isso que o Náuas venceu.
Vi uma manchete ridícula de um jornal que dizia: “Náuas vence o Rio Branco e mostra a força do interior”. Que força? Não sou jornalista, nem tenho formação nem caráter para isso, mas teria escrito assim: Náuas vence Rio Branco e mostra a fragilidade do nosso futebol. A força e a fragilidade.

O campeonato acreano de futebol poderia ter terminado ali, na quinta-feira. E mesmo que o Náuas vença o Juventus e conquiste o campeonato deste ano, não será nenhum assombro. Não haverá surpresa maior que aquela. Tanto faz como tanto fez.

Venceu porque os dirigentes da Federação Acreana cometeram um erro. Cometeram o erro de permitir que um time do Juruá (como eles falam) disputasse com eles em igualdade (quase) de condições aquele teatro.

Um time como o nosso que sequer dispõe de um estádio para mandar seus jogos, que fica uma semana inteira num hotel porque não tem dinheiro para pagar as passagens de volta pra casa, que paga salários de R$450,00 e à parte o esforço e a bravura dos jogadores do Náuas, apenas expôs as “perebas” do nosso futebol.

Tem a mesma função de um reagente que um paciente toma antes de um exame para detectar a presença de uma doença. O Náuas expôs o amadorismo do futebol acreano.

Ainda que hoje, na final do returno o Náuas vença o Juventus (o que também não considero impossível), não será motivo para assombros nem para uma nova revolução autonomista.

Contudo, vencendo o Rio Branco, o pequenino Náuas venceu muito mais. Venceu o preconceito daqueles que tiraram os jogos do Náuas do Totao e o obrigaram a jogar suas partidas fora de casa. Com essa medida, os dirigentes da Federação ou do próprio Náuas, mostraram uma desinteligência espantosa. Em alguns jogos disputados no Arena da Floresta, o público não alcançou 300 pagantes enquanto que nos jogos do Totao o público nunca foi inferior a 2.000.

A vitória do Náuas, ainda que histórica, ainda que zebra (conforme os cronistas da capital se referiam antes do jogo à uma remota vitória do time do interior), é preocupante.

Renascido há menos de dois anos, já é, na segunda temporada que disputa no campeonato profissional, pelo menos o terceiro colocado.

No meu entender, o Náuas não é ainda um time profissional (será que os nossos jogadores podem sustentar suas famílias com um salário desses?). Fora o Rio Branco, os outros times padecem do mesmo mal.

O que existe no Acre é um esforço titânico para fazer o campeonato parecer profissional. Se não fosse pela ajuda do Governo o Campeonato Acreano não existiria.
Mas, o que importa? Importa é que nos deu a alegria de uma pequena forra.

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