Este é um blog de opinião. As postagens escritas ou selecionadas refletem exclusivamente a minha opinião, não sofrendo influência ou pressão de pessoas ou empresas onde trabalho ou venha a trabalhar.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Literatura Brasileira

Hoje é Dia das Bruxas. Parabéns a todas as bruxas do mundo, principalmente as que conheço.
Mas também é o Dia das Donas de Casa, do Comissário de Vôo...
Fui severamente repreendido por ter postado Florbela Espanca antes de homenagear um escritor nacional. Ah, povo difícil, meu Deus!
Tudo bem, vamos começar por um bem antigo, que já gostei muito, mas porque me falaram que ele perseguia os modernistas, deixei um pouco de lado.
Bilac tem sonetos belíssimos.
Tédio

Sobre minh'alma, como sobre um trono,
Senhor brutal, pesa o aborrecimento.
Como tardas em vir, último outono,
Lançar-me as folhas últimas ao vento!

Oh! dormir no silêncio e no abandono,
Só, sem um sonho, sem um pensamento,
E, no letargo do aniquilamento,
Ter, ó pedra, a quietude do teu sono!

Oh! deixar de sonhar o que não vejo!
Ter o sangue gelado, e a carne fria!
E, de uma luz crepuscular velada,

Deixar a alma dormir sem um desejo,
Ampla, fúnebre, lúgubre, vazia
Como uma catedral abandonada!...

Última Página

Primavera. Um sorriso aberto em tudo. Os ramos
Numa palpitação de flores e de ninhos.
Doirava o sol de outubro a areia dos caminhos
(Lembras-te, Rosa?) e ao sol de outubro nos amamos.

Verão. (Lembras-te, Dulce?) À beira-mar, sozinhos.
Tentou-nos o pecado: olhaste-me... e pecamos;
E o outono desfolhava os roseirais vizinhos,
Ó Laura, a vez primeira em que nos abraçamos...

Veio o inverno. Porém, sentada em meus joelhos,
Nua, presos aos meus os teus lábios vermelhos,
(Lembras-te, Branca?) ardia a tua carne em flor...

Carne, que queres mais? Coração, que mais queres?
Passam as estações e passam as mulheres...
E eu tenho amado tanto! e não conheço o Amor!
Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac, jornalista, poeta, inspetor de ensino, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de dezembro de 1865, onde também faleceu, em 28 de dezembro de 1918. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Filho de Braz Martins dos Guimarães Bilac e Delfina Belmira dos Guimarães Bilac. Matriculou-se na Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro, mas desistiu no 4o ano. Tentou o curso de Direito em São Paulo, mas desistiu no primeiro ano. Dedicou-se entao ao jornalismo e à literatura. Fundou vários jornais, todos de pouca duraçao, como A Cigarra, O Meio, A Rua. Na seção "Semana" da Gazeta de Notícias, substituiu Machado de Assis, trabalhando ali durante anos.
É o autor da letra do Hino à Bandeira.

Pelo jornalismo político que exercia nos primeiros anos da República, foi severamente perseguidos por Floriano Peixoto. Esteve escondido em Minas Gerais, quando freqüentou a casa de Afonso Arinos em Ouro Preto. No regresso ao Rio, foi preso. Em 1891, foi nomeado oficial da Secretaria do Interior do Estado do Rio. Em 1898, inspetor escolar do Distrito Federal, cargo em que se aposentou, pouco antes de falecer.
Sua obra poética enquadra-se no Parnasianismo, que teve na década de 1880 a fase mais fecunda. Embora não tenha sido o primeiro a caracterizar o movimento parnasiano, pois só em 1888 publicou Poesias. Fundindo o Parnasianismo francês e a tradição lusitana, Olavo Bilac deu preferência ao soneto.
Nas duas primeiras décadas do século XX, seus sonetos de chave de ouro eram decorados e declamados em toda parte, nos saraus e salões literários comuns na época. Nas Poesias encontram-se os famosos sonetos de "Via-Láctea" e a "Profissão de Fé", na qual codificou o seu credo estético, que se distingue pelo culto do estilo, pela pureza da forma da linguagem e da simplicidade.
É a um só tempo, um poeta lírico, e um poeta de tonalidade épica, de que é expressão o poema "O caçador de esmeraldas", celebrando os feitos, a desilusão e morte do bandeirante Fernão Dias Paes. Bilac foi eleito o "Príncipe dos Poetas Brasileiros", no concurso que a revista Fon-fon lançou em 1o de março de 1913. Alguns anos mais tarde, principalmente por acasiao da Semana de Arte Moderna, os poetas parnasianos seriam o principal alvo do Modernismo. Foi um destacado conferencista, e produziu também contos, crônicas e obras didáticas.
Obras: Poesias (1888); Crônicas e novelas (1894); Crítica e fantasia (1904); Conferências literárias (1906); Dicionário de rimas (1913); Tratado de versificação (1910); Ironia e piedade, crônicas (1916); Tarde (1919); Poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957).

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pescadores

Boas Notícias

Recebi por e-mail e gostaria de dividir com todos aqueles que acreditam no futuro.
Governo negocia terreno para construir “Arena do Juruá”

A deputada Perpétua Almeida (PcdoB) anunciou na tarde de ontem, na tribuna da Câmara Federal, a negociação que o Governo do Acre está realizando para definir a área onde será construída a Arena do Juruá. O estádio de futebol, que terá este nome por sugestões feitas pela comunidade de Cruzeiro do Sul, está orçado em R$ 12 milhões, dos quais o primeiro milhão, já devidamente empenhado, foi alocado a partir de uma emenda individual apresentada pela deputada ao orçamento da União do ano passado. Outros R$ 800 mil foram alocados numa emenda mais recente, apresentada pela deputada ao orçamento deste ano. A destinação dos recursos é resultado de um apelo feito à deputada pela Liga Desportiva de Cruzeiro do Sul, três anos atrás. A obra tem previsão de ser concluída em 3 anos.

Perpétua Almeida encampou uma articulação junto aos demais parlamentares acreanos em Brasília. Este esforço político se traduziu em apoio também através de emendas apresentadas pelos deputados Gladson Cameli, Ilderley Cordeiro , Henrique Afonso e Fernando Melo. Cerca de 60% do custo total do estádio é fruto de captações feitas pelo governo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), no início deste ano.

“Cem mil habitantes do Juruá serão beneficiados com esta obra. Eu me animo muito com esta notícia, pois sei que o esporte ainda movimenta a cultura em qualquer parte do mundo”, disse a deputada. Ela lembrou ao Congresso a expectativa vivida por todos os acreanos de a Arena da Floresta, um dos mais belos estádios do país, ser escolhido sub-sede da Copa 2014.

A diretora-executiva da Seop (Secretaria de Obras Públicas), Roberta Rocha, informou que a negociação do terreno está sendo finalizada. “A licitação pode ocorrer nos próximos dias e a versão final do projeto será apresentada pelo governo em breve”, informou. Por determinação do governador Binho Marques, a Arena do Juruá deverá se situar no entorno do terreno onde costumeiramente acontece a Expojuruá. “A idéia sugerida pelo governador é aproveitar o local como espaço alternativo para eventos”, disse Roberta.

“Aqui em Cruzeiro do Sul, esta obra é aguardada com muita ansiedade por todos. A estrutura de que dispomos hoje (estádio atual) é muito decadente, não oferece o mínimo conforto, nem condições dignas aos torcedores. O apoio político que recebemos da deputada Perpétua foi fundamental e a atenção dada pelo governo até então merece elogios também”, disse o presidente da liga de Cruzeiro do Sul, Ailton Cassiano.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Hoje à tarde, quase noite, estava na AABB e lembrei de ligar para o Alberam. Está em Belo Horizonte - MG. E não é que ele já anda inventado um novo trabalho? Cabra bom, simples, isento e extremamente talentoso. Já fez, faz e certamente continuará fazendo, muito mais por Cruzeiro do Sul que muitos políticos. Sucesso aí em Belo também, meu irmão!

Falando em AABB, estava lá com meus filhos (Ana, Dudu e Léo). Eles fazem natação com o Professor Pedro Neto. Cruzeirense, é formado em Educação Física e proprietário da Escolinha Flyper. Abaixo, algumas fotos.

Professor Neto com os alunos.

Léo estagiando no tanquinho para encarar piscinas maiores.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Frase:

"Os ventos que as vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar... Por isso, não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim, aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo que é realmente nosso, nunca se vai para sempre."
(Bob Marley)

Hoje na História:

Hoje é Dia do Soldado Desconhecido

Nesta data, a História registra pelo menos dois grandes eventos:
1918 - No fim da Primeira Guerra Mundial, a Checoslováquia declara-se independente do agonizante Império Austro-Húngaro.
1962 - Kruschev recua pondo fim a "Crise dos Mísseis" em Cuba, iniciada no dia 22.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Frase:

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é."
Caetano Veloso

Praia no Juruá

LITERATURA PORTUGUESA

Estive pesquisando sobre Florbela Espanca, e encontrei poemas belíssimos(apesar de tristes). Abaixo, um dos bons e alguns dados sobre a autora.

PARA QUÊ?!
Tudo é vaidade neste mundo vão ...
Tudo é tristeza, tudo é pó, é nada!
E mal desponta em nós a madrugada,
Vem logo a noite encher o coração!

Até o amor nos mente, essa canção
Que o nosso peito ri à gargalhada,
Flor que é nascida e logo desfolhada,
Pétalas que se pisam pelo chão! ...

Beijos de amor! Pra quê?! ... Tristes vaidades!
Sonhos que logo são realidades,
Que nos deixam a alma como morta!

Só neles acredita quem é louca!
Beijos de amor que vão de boca em boca,
Como pobres que vão de porta em porta! ...


FLORBELA ESPANCA

Mesmo antes de seu nascimento, a vida de Florbela Espanca já estava marcada pelo inesperado, pelo dramático, pelo incomum.

Seu pai, João Maria Espanca era casado com Maria Toscano. Como a mesma não pôde dar filhos ao marido, João Maria se valeu de uma antiga regra medieval, que diz que quando de um casamento não houver filhos, o marido tem o direito de ter os mesmos com outra mulher de sua escolha. Assim, no dia 8 de dezembro de 1894 nasce Flor Bela Lobo, filha de Antónia da Conceição Lobo. João Maria ainda teve mais um filho com Antónia, Apeles. Mais tarde, Antónia abandona João Maria e os filhos passam a conviver com o pai e sua esposa, que os adotam.

Florbela entra para o curso primário em 1899, passando a assinar Flor d’Alma da Conceição Espanca. O pai de Florbela foi em 1900 um dos introdutores do cinematógrafo em Portugal. A mesma paixão pela fotografia o levará a abrir um estúdio em Évora, despertando na filha a mesma paixão e tomando-a como modelo favorita, razão pela qual a iconografia de Florbela, principalmente feita pelo pai, é bastante extensa.

Em 1903, aos sete anos, faz seu primeiro poema, A Vida e a Morte. Desde o início é muito clara sua precocidade e preferência a temas mais escusos e melancólicos.

Em 1908 Antônia Conceição, mãe de Florbela, falece. Florbela então ingressa no Liceu de Évora, onde permanece até 1912, fazendo com que a família se desloque para essa cidade. Foi uma das primeiras mulheres a ingressar no curso secundário, fato que não era visto com bons olhos pela sociedade e pelos professores do Liceu. No ano seguinte casa-se no dia de seus 19 anos com Alberto Moutinho, colega de estudos.

O casal mora em Redondo até 1915, quando regressa à Évora devido a dificuldades financeiras. Eles passam a morar na casa de João Maria Espanca. Sob o olhar complacente de Florbela ele convive abertamente com uma empregada, divorciando-se da esposa em 1921 para casar-se com Henriqueta de Almeida, a então empregada.

Voltando a Redondo em 1916, Florbela reúne uma seleção de sua produção poética de 1915 e inaugura o projeto Trocando Olhares, coletânea de 88 poemas e três contos. O caderno que deu origem ao projeto encontra-se na Biblioteca Nacional de Lisboa, contendo uma profusão de poemas, rabiscos e anotações que seriam mais tarde ponto de partida para duas antologias, onde os poemas já devidamente esclarecidos e emendados comporão o Livro de Mágoas e o Livro de Soror Saudade.

Regressando a Évora em 1917 a poetisa completa o 11º ano do Curso Complementar de Letras, e logo após ingressa na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Após um aborto involuntário, se muda para Quelfes, onde apresenta os primeiros sinais sérios de neurose. Seu casamento se desfaz pouco depois.

Em junho de 1919 sai o Livro de Mágoas, que apesar da poetisa não ser tão famosa faz bastante sucesso, esgotando-se rapidamente. No mesmo ano passa a viver com Antônio Guimarães, casando-se com ele em 1921. Logo depois Florbela passa a trabalhar em um novo projeto que a princípio se chamaria Livro do Nosso Amor ou Claustro de Quimeras. Por fim, torna-se o Livro de Soror Saudade, publicado em janeiro de 1923.

Após mais um aborto separa-se pela segunda vez, o que faz com que sua família deixe de falar com ela. Essa situação a abalou muito. O ex-marido abriu mais tarde em Lisboa uma agência, “Recortes”, que enviava para os respectivos autores qualquer nota ou artigo sobre ele. O espólio pessoal de Antônio Guimarães reúne o mais abundante material que foi publicado sobre Florbela, desde 1945 até 1981, ano do falecimento do ex-marido. Ao todo são 133 recortes.

Em 1925 Florbela casa-se com Mário Lage no civil e no religioso e passa a morar com ele, inicialmente em Esmoriz e depois na casa dos pais de Lage em Matosinhos, no Porto.

Passa a colaborar no D. Nuno em Vila Viçosa, no ano de 1927, com os poemas que comporão o Charneca em Flor. Em carta ao diretor do D. Nuno fala da conclusão de Charneca em Flor, e fala também da preparação de um livro de contos, provavelmente O Dominó Preto.

No mesmo ano Apeles, irmão de Florbela, falece em um trágico acidente, fato esse que abalou demais a poetisa. Ela aferra-se à produção de As Máscaras do Destino, dedicando ao irmão. Mas então Florbela nunca mais será a mesma, sua doença se agrava bastante após o ocorrido.

Começa a escrever seu Diário de Último Ano em 1930. Passa a colaborar nas revistas Portugal Feminino e Civilização, trava também conhecimento com Guido Batelli, que se oferece para publicar Charneca em Flor. Florbela então revê em Matosinhos as provas do livro, depois de tentar o suicídio, período em que a neurose se agrava e é diagnosticado um edema pulmonar.

Em dois de dezembro de 1930, Florbela encerra seu Diário do Último Ano com a seguinte frase: “… e não haver gestos novos nem palavras novas.” Às duas horas do dia 8 de dezembro – no dia do seu aniversário Florbela D’Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo dois frascos de Veronal. Algumas décadas depois seus restos mortais são transportados para Vila Viçosa, “… a terra alentejana a que entranhadamente quero”.

Fonte: http://www.prahoje.com.br

MEU CAMARADA EM COPACABANA

O tema era corporativismo. Conversa vai, conversa vem, lembrei de um causo, que aparentemente não tem muito a ver com o assunto, mas no final as coisas acabam se encaixando:
Aconteceu com um camarada amigo meu, e a verdade é de igual tamanho da invenção, porque pelo tempo que faz, já esqueci boa parte da história, por tal motivo é que o improviso vai permear uma história tão original. Mas aconteceu mesmo, pode duvidar.

Meu camarada, legítimo representante de um partido de esquerda, sujeito simples, humilde, foi convidado para representar o seu município numa plenária do partido em Rio Branco, para, juntamente com outros camaradas mais graduados representarem o Acre num encontro nacional, com representantes de todos os estados da federação e até uma representação de Cuba, isso no Rio de Janeiro, cara!

Era sério e formal. Camisas do Che, botons do Che, chaveiros do Che, agendas, bonés e todas as conjunturas possíveis. Os discursos, a mais-valia, o materialismo histórico, a alienação do trabalhador, a ideologia dominante (que, aliás, só é ideologia porque é dominante) e por aí se consumia o tempo.

Estar no Rio de Janeiro e não poder ir à praia é uma tremenda sacanagem. Arrumaram um tempo na tarde do último dia do encontro e lá se foram nossos conterrâneos tomar banho de salmoura com bosta de carioca.

Veja só, o indivíduo já tomou banho nas melhores águas do mundo, no Igarapé Preto, no Rio Moa, até de cacimba com cuia de coité, mas, feito um abestado, precisa experenciar outras águas, apenas pelo orgulho de dizer: já estive em Copacabana! Todo castigo pra vagabundo é pouco!

Antes de entrar na água, as recomendações de praxe. Entrou no mar e era maravilhoso.
Lá vem um banzeiro (pois é, banzeiro mesmo) e, tudo bem. Mais outro, e tudo beleza, chegando mesmo a achar que água de rio, mar, igarapé, fosse tudo igual. Meu amigo esqueceu que estava no mar e de frente para a praia e diante de uma pergunta mais complexa, (o grau de complexidade do tema e a posição dos interlocutores, definiria a distração). Rapidamente começou uma plenária e antes que terminasse de pontuar o tema, um daqueles banzeiros malditos o derrubou feio, fazendo-o engolir areia, arrancando de todos gargalhadas estrepitosas. Que se alongaram quando o viram tateando na água como se houvesse perdido algo, algo valioso como um relógio, uma jóia quem sabe. Gente, o infeliz procurava a chapa. A perereca mutante se transformara em peixe e no momento do acidente aproveitou para escapar e camuflar-se.

Uma tragédia. Maior ainda porque naquela noite, o infeliz, inscrito desde o primeiro dia, representaria o Acre nos discursos de encerramento do encontro. Fechou a cara e a boca, mas garantiu que faria o discurso, com dente ou sem dente. Tentaram um substituto. Insistiu que faria. E daí? Não tinha dentes mesmo...Se não queriam passar vergonha era só tê-lo avisado do banzeiro...

Já no hotel, trancou-se no quarto e não falou com ninguém.
Começou o encontro. Momentos de tensão. Sentado na primeira fila só fazia ok, legal com o polegar. Nenhuma palavra, só ok, acenos de cabeça, uma paz de avexar qualquer monge.
Aí, pegando a Variante, para chegar mais rápido e encerrar a história , o locutor do evento anunciou o novo palestrante.

E é justamente aqui, no final da história, que entra o corporativismo. É exatamente por isso que não posso terminar a piada. Como se pode notar, isso não é coisa muito boa.

sábado, 25 de outubro de 2008

FRASE DO DIA


"Não podemos fazer muito sobre a extensão de nossas vidas, mas podemos fazer muito sobre a largura e a profundidade delas."
(Evan Esar)

O CAPITALISMO E O "PREDADOR"

Agora que a garota Eloá foi sepultada e a culpa de tudo vai recair sobre quem sempre recai (me refiro à PM, que se mata é truculenta, e se deixa escapar é omissa). Aos poucos as coisas vão se ajeitando, devagarzinho, no passo da acauã (que se não chegar hoje chega amanha).

Agora com o horário de verão (engraçado é que ele começa quando acaba o verão), voltei a acompanhar o noticiário. A crise anda braba e tem “nego” se afogando à espera de um jacaré (que nem precisa ser manso) para se atracar.

Não dá para ignorar a crise da economia mundial, e antes mesmo que os analistas começassem a tecer suas opiniões sobre o tema, meus ex-alunos de História da Escola Marcelino Champagnat já sabiam que a Crise de 29 (também conhecida como Crack da Bolsa de Nova Iorque) foi o maior fracasso do capitalismo.

O que meus alunos sabem também, e já devem ter lembrado, é que o capitalismo também vai morrer. Quando trato sobre o período da História conhecido como Entreguerras (1919 a 1938) sempre faço uma analogia ao filme “Predador” (1987). É um filme do “porrete” (cacete é muito chulo). Na trama, o major Alan "Dutch" Schaefer (Arnold Schwarzenegger), descobre que o Predador (Kevin Peter Hall), apesar de ser um alienígena, com poderes pra lá de esquisitos, poderia ser abatido, uma vez que sangrava. A frase que ele usou, se não me engano, foi: “Se ele sangra, ele pode morrer”. Assim é o capitalismo, se adoece, se sangra...

Falar sobre economia? Você não está achando que eu vou me meter com isso, está? Pois se pensou, está “lascado”. Minha matemática mal dá para controlar o meu cartão de crédito, e porque precisava fazer umas continhas para aprender, sou péssimo em química, física e biologia.

Economia é muito complicado. Não consigo entender como funciona a tal cotação do dólar. Veja se eu não tenho um pouco de razão em não entender: Os estadunidenses (estranhou, né?, mas é assim mesmo que eles se chamam, americanos somos todos os nascidos no continente americano) estão em crise, certo? Diante disso, porque eles estão quebrando, a moeda deles não deveria perder o valor? Mas é o contrário. Já está valendo R$2,30, e subindo. Alguém já viu se vender casa pegando fogo? Na hora do aperto, por motivo de viagem ou doença as coisas não perdem o valor? Com eles não, e é por isso que cada vez entendo menos.

Esse negócio de bolsa de valores é outro imbróglio, (até já dei aula sobre isso, imagine). Como não compreendo, fico sempre torcendo para ela cair, na esperança de que algum banqueiro quebre, alguma empresa ganhe menos... sei lá porque, mas não tem jeito, eu também torço pelo afegãos, pelos iraquianos, pelo touro, para o goleiro defender o pênalti (principalmente se a cobrança for do Edmundo).

Mas voltando ao “Predador”, sério, é um filme fantástico e o que melhor encontrei para ilustrar esse momento de desespero que os defensores do capitalismo atravessam.

Talvez você nem lembre mais do filme, mas é um barato (e foi barato mesmo, o lucro é que foi assombroso), principalmente a cena final, com uma explosão atômica devastadora e o herói esperando o resgate. Quanto ao Predador, “a coisa do espaço”, porque sangrava, poderia ser morta, assim será com o capitalismo. Quem sobreviver (à cena final, a da explosão), verá.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

CINEMA É CULTURA

Um dia desses, como eventualmente faço, convidei minha esposa e fomos ao Cine Romeu. Apenas mais três pessoas tiveram a mesma idéia naquela noite e como o filme não roda para uma platéia de cinco, o gerente cumprimentou a cada um de nós pedindo desculpas e suspendeu a seção das nove, assim como já fizera na seção das seis.

Antes de descer não pude deixar de contemplar a “gamela” da praça e seu bebódromo. Ali, centenas de pessoas tomavam a sua dose de Wanderlei Andrade ou Reginaldo Rossi no melhor estilo música de corno e se abasteciam com suas latinhas de cerveja, principalmente daquela que deixa redondo.

E daí, qual é a bronca? Qual é o problema não ter havido cinema naquela noite? O que nós temos a ver com isso? Talvez você se pergunte. E eu tentarei te convencer do perigo que corremos.

Cinema em Cruzeiro do Sul era apenas uma lembrança. O último, onde já funcionara o Cine R. Tavares chamava-se Cine Chaplin e exibia basicamente filmes de Kung Fu e sacanagem. A garotada fazia a festa.

Aliás, falando em sacanagem, já torrei a memória tentando lembrar o nome ou mesmo a fisionomia do perverso porteiro que sempre me pedia documentos na entrada porque apesar de ter a idade necessária para assistir filmes daquele tipo, eu não atingira ainda o patamar de estatura que o sem-vergonha estabelecera como padrão de um maior de idade. Sadicamente ele colocava o braço na porta impedindo a entrada e quem passasse por baixo sem tocar teria menos de 18 anos e nesse caso, para não correr riscos, impedia a entrada.

Quanto ele estava enganado! Um primo meu, menor de idade, apenas porque atingira a estatura suficiente para tocar no braço do cara, nunca foi incomodado. Enquanto que eu, não podia nem pensar em esquecer a identidade... Ah, cabra infeliz, aquele!
Mas o Cine Chaplin faliu e se não abrirmos o olho, o Cine Romeu também conhecerá o mesmo destino.

Cinema é cultura. E DVD em casa, pirata, também não é? Não deixa de ser, mas sinceramente, não dá para comparar àquela tela imensa, àquele som stéreo, àquela sensação maravilhosa de fazermos parte do filme, de nos sentirmos o próprio herói.
Será que apelando aos amigos para valorizarem um pouco mais o nosso único cinema, estou correndo o risco de parecer ultrapassado? Foi o que ouvi de um intelectual. Não me darei por vencido e continuarei na batalha, pedindo aos amigos uma forçazinha para o Sr. Altevir.

Possivelmente a esta altura, você já está se perguntando o que eu estou ganhando para fazer um marketing desses em prol de um investimento privado que deve render o suficiente para continuar sobrevivendo. Absolutamente nada, além é claro, da garantia de num sábado à noite depois da missa na Catedral, pegar o elevador do Hortência Center e no último andar do prédio, comprar um ingresso, um saco de pipocas, um refrigerante e assistir a um bom filme. Filme no cinema, gente, no escurinho, sem intervalos nem propagandas, onde alguém sempre tenta empurrar o melhor produto como se ele fosse realmente o melhor produto.

Ainda que lá fora, no bebódromo, o Wanderlei Andrade continue oferecendo aos freqüentadores a sua dose de cultura. “Ele tem tudo prá ser corno.”

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

FRASE DO DIA:

Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.
Charles Chaplin

Fotos que contam História

Há três anos, num barranco acima da foz do Rio Valparaíso, na margem direita do rio Juruá no Seringal Russas, após uma enchente, surgiu “pantaforma” pendurada no barranco. Era uma sepultura. Feita em alvenaria, com tijolos de quatro furos, ladeada na parte superior com pedra de mármore branca.



De início os catraieiros, os pescadores ou viajantes mais curiosos, paravam um pouco, se admiravam e retomavam suas viagens.

Um desses curiosos, com um machado na mão, grosseiramente imitando Howard Carter no Vale dos Reis, diante da tumba do “rei-menino” na década de 20, violou a sepultura e ao contrário de Carter, não encontrou tesouros, sequer um cadáver, um osso que fosse, uma maldiçãozinha qualquer, como uma ferrada de arraia, um lacrau, uma tucandeira, nada.

Com o tempo, deixou de impressionar, era apenas um túmulo no barranco que não resistiria aos solavancos e às pupunhadas dos primeiros repiquetes.

Antes de ser violada, eu também passei por lá e as inquietações, as perguntas sobre aquela estranha visão ocuparam-me durante o restante das praias e voltas de baixada até Cruzeiro do Sul. Comentei o assunto com alguns conhecidos, fiquei de investigar sua origem e por razões de prioridade acabei investigando outras tantas coisas que findei esquecendo.

Na verdade, as ocupações me forçaram a esquecê-la. Afinal, o que têm de importante e inusitado numa sepultura pendurada num barranco qualquer do rio Juruá, diante da necessidade imperiosa de passar no Bazar Morais, do Januário, todos os dias entre cinco e cinco e meia da tarde para comprar o bom e velho pão que os supermercados não conseguem imitar? Pois bem, nada importante. Mas, convenhamos, ali na beira de um barranco, construída em alvenaria, ladeada com pedaços de mármore e longe de cidades, no meio do quase nada?



Foi Epaminondas Magalhães, “O homem mais positivo que ele conhece”, quem me relembrou a prometida investigação. Um pouco como desafio e também, acredito, como curiosidade. Um amigo dele, conhecido meu, teria em casa um tijolo com a inscrição “Belém” e um pedaço do mármore onde se poderia ler claramente um número, que numa lápide só poderia ser uma data: 1898. E dois nomes: Jonas Coelho.
Surgiu dessa forma, o motivo que faltava para viajar, voltar a falar um pouco de História e fotografar a sepultura antes que despencasse no leito do rio talvez para sempre.

Pessoas normais, quando em férias, viajam a Rio Branco, Natal, Belo Horizonte, Ouro Preto... Quanto a mim, prefiro a insegurança supersegura de uma catraia tocada por um Honda de 13 com palheta de antimônio e visitar lugares com os mesmos nomes. E daí, qual é o problema?

O rio Juruá é uma das minhas paixões e hoje muito mais, porque tenho certeza que não demora o dia, que sentiremos saudades daquele rio navegável e profundo, e, sujeitos feito eu, que hoje curtem viajar de barco não sentirão o mesmo prazer.
Fazia dez anos que não navegava no verão. Nenhum tracajá, nenhum jacaré tomando sol. Fiquei alarmado com a quantidade de vasilhames de corote ou tampa-azul flutuando indecisos, errantes, encalhados nas praias e nos balseiros. Arcabouços de um prazer que mata. Seguros da longevidade do plástico. Os pescadores, catraieiros ou trabalhadores das praias e barrancos o consomem loucamente.
No verão o rio é mais bonito e nos permite a contemplação de muitas coisas. Como a sepultura que apareceu do nada naquele barranco. Para registrá-la, só mesmo no verão.



Deixamos Cruzeiro ainda adormecida, e às 9:45 da manhã, lá estava ela, no mesmo barranco, no silencioso, longo e desabitado barranco. Sem um ponto de ancoragem, firmada sobre a própria tonelagem. Algumas fotos, uma rápida observação, e a História e seus questionamentos: Quem teria sido seu ilustre proprietário? Qual o contexto histórico em que tal ou tais personagens viveram?

Uma consulta à biblioteca (a minha, digo, já em casa uma semana depois) e as primeiras respostas. A maior parte delas, extraída de “O Juruá Federal”, de J. M. Brandão Castelo Branco Sobrinho, o mais completo relato sobre a origem dos seringais do antigo Departamento do Alto Juruá.

Por situar-se acima da foz do Rio Valparaíso, pertence ao Seringal Russas.
No início tudo era Valparaíso, tanto a margem esquerda como a direita do mesmo rio. Foi explorado em 1884 por Ismael Galdino da Paixão que o vendeu a Antonio Geraldo da Silva. Após um ano mais ou menos, a propriedade passou a Vicente Coelho que se associou a João Bussons e Pedro Gomes. Com a morte de Vicente Coelho a propriedade foi dividida entre os sócios. Na divisão, aos herdeiros de Vicente Coelho, Jonas e Julieta, coube a margem esquerda. A sepultura em questão despencou exatamente daquele sítio, portanto, no Seringal Russas, assim batizado anos mais tarde por um cearense de São Bernardo de Russas, proprietário do referido seringal por um breve período. Em 1941 o seringal volta a pertencer a Jonas e Julieta que adotam definitivamente o nome, assim conhecido até hoje.

Um simples pedaço de mármore pode responder muitas questões, e ao mesmo tempo, suscitar outras.
No ano de 1898 todos os principais seringais que deram forma ao mapa do hoje Estado do Acre no Juruá já estavam explorados e produzindo borracha.

É possivelmente, a data de nascimento do inquilino da sepultura em questão.
Informações dão conta de que já avançado em idade, o velho seringalista fizera um pedido aos parentes: Ser enterrado no próprio seringal, à sombra de uma enorme seringueira, bem ao lado do varadouro. O rio, que na época passava a centenas de metros, resolveu passar por ali.

A história continua. Ano após ano, e década após década, silenciosamente, quando menos se espera, ela ressurge, na forma de um túmulo pendurado num barranco qualquer do rio, para a contemplação de todos os viajantes.

Simples monumento do passado eternizado em fotos que contam histórias.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

PRAGA DE FLAMENGUISTA

Se depender dos próprios recursos e da minha torcida, o Vasco será rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Era ali que ele deveria estar, pela insistência em perder (sempre) para o Flamengo. Imagine se pode um negócio daqueles: No domingo, tudo acertado entre os torcedores para que os dois times terminassem a partida com um ponto cada, e o Zagueiro Bicentenário Odvan (não foi, mas deveria ter sido), fez um gol contra.

Não tem jeito. Segundo os matemáticos as chances do infeliz escapar são inferiores a 20%, O QUE É ÓTIMO!!! Mas ainda fico preocupado.

Pode até ser que no final, na última rodada, com um gol roubado, ou como o milagre ocorrido ano passado com o Goiás, ele consiga escapar.

Mas como sou supersticioso (principalmente quando é para secar os adversários), tenho razões de sobra para achar que dessa vez o bacalhau vai entrar no pau (foi mal).

O Vasco, assim como o Corinthians no ano passado, trocou de presidente e caiu. No lugar do Euricossauro, botaram Dinamite e não tiveram cuidado com uma eventual explosão (da torcida dos adversários comemorando o rebaixamento). Como o Corinthians, também é alvinegro, tem mania de grandeza...

Mas existe uma FORÇA MAIOR que impele o infeliz na direção do abismo.

É a torcida da nossa imensa Nação Rubro-negra. A bronca não é com o Vasco, o Vasco a gente até que vence sempre, digo, a gente até que tolera, a broca é com o Renato Gaúcho.

Há 13 anos, no centenário do Flamengo, nos últimos minutos da final do Campeonato Carioca, nosso time segurando o empate para ficar com o título, o Renato Gaúcho fez um gol de barriga para o Fluminense e nos obrigou passar o ano sem um título sequer. Logo no ano do centenário, que montamos o time mais caro da história. (veja a imagem da tragédia)



Pois é, até hoje não perdoamos o Renato-sempre-de-óculos-escuro-Gaúcho. Mas aos poucos ele vai pagando, e vai pagar dobrado que nem tapioca. Lembra da final da Libertadores, em pleno Maracanã? Era o Renato-sempre-seguro-Gaúcho o técnico do pobre Flu.

Coincidência ou não, atualmente o técnico do Vasco é o Renato.

Não tem problema. Para perdoarmos o Renato-que-já-foi-do-Flamengo-Gaúcho, para a vingança ser completa e esquecermos de vez aquele fracasso, só falta o Vasco cair.

Mas é bom que seja logo, antes que o Renato seja demitido, o Eurico volte e a diretoria compre os jogos contra São Paulo, Fluminense, Santos... Tá fácil?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Zuza no Show do Tom



Meses atrás, num sábado passado desses o Programa Show do Tom, da Rede Record, fez a reapresentação do programa Festival de Piadas tendo como uma das atrações o humorista cruzeirense Jorge Luiz na pele do seu impagável Velho Zuza. Perdeu e ganhou novamente.

Zuza perdeu no júri, mas não perdeu a oportunidade de colocar Cruzeiro do Sul e o Acre na mídia do bem, e para todo o Brasil.

Quase já tinha esquecido aquela façanha. Poucos podem mensurar a importância e o reconhecimento de um talento brotado na aridez pedregosa de Cruzeiro do Sul.

Eu conheço os dois, o Jorge Luiz e o Velho Zuza. O Jorge eu conheço a mais tempo e melhor, já o Velho Zuza, porque a gente nunca sabe do que ele é capaz, existe a apenas 11 anos (o que em humor de sucesso é uma eternidadeão). Quanto ao Véio, nao posso contar muita vantagem. Com ele o cabra tem de ficar ligado, se vacilar vai ter que rir junto.
Com o Tom Cavalcante


O Jorge é meu irmão, e assim com eu, tem dupla cidadania, é portuwaltense e cruzeirense. Se por acaso, algum dia me esquecer o aniversário dele, (que é em agosto), não poderia esquecer que naquele dia que a Rádio Nacional anunciou o seu nascimento, eu com dez anos, já era o piloteiro do nosso pai numa pescaria de tarrafa na pedra em frente às duas mangueiras em Porto Walter. Foi a Tia Darci quem nos deu a notícia lá do alto do barranco.


Aos domingos, das 08:00h às 12:00h, em parceria com Rafael Gomes, na Rádio Juruá FM 100,9, é líder de audiência no horário.

O Programa É Show de Alegria leva um pouco de distração ao vale do Juruá. Moradores da cidade, das vilas, dos ramais, igarapés, colônias, taxistas e desocupados, garantem uma audiência impressionante, fácil de comprovar pelo número de pessoas sintonizadas aonde quer que cheguemos. O programa resgata músicas antigas do tempo dele. Músicas de cantores do tempo do vinil como Antonio Marazona, Vicente Celestino, Edelson Moura, Pinduca, Bartô Galeno e tantos mais. Sumidades desse quilate, sem o menor preconceito tocam ao lado do Roberto Carlos ou do Tim Maia. Distribui abraços de Vovô Zuza a pessoas de diversos lugares, distribui também conselhos aos jovens. Jovens como ele.

É talento puro. Sem grandes superficialidades. Talento natural. Sua ida ao Show do Tom se seu exclusivamente por esse talento. Pouco importou a ele o resultado, importou muito mais aos seus admiradores.

Ele sabe que o infinito é o limite para os sonhadores, mas tem os dois pés fincados no chão cruzeirense.

sábado, 18 de outubro de 2008

Rede Globo apresenta: Profissão Perigo!




Certas coisas na vida são uma tremenda sacanagem. Como é que pode, meu amigo, um cara como o Macgyver (Richard Dean Anderson) que fazia bomba até de chiclete, boa pinta que era, se achar numa situação dessas? (veja as fotos e compare).

Ele não tinha o direito de engordar, de envelhecer, de deixar de ser herói. Não tinha.

Vinte e dois anos já se foram desde que o vi pela primeira vez lá em Porto Walter na sala do Tio Raimundo Jararaca demonstrando suas habilidades. Tudo bem que todos nós podemos e devemos envelhecer, mas o Magyver não, ele era um herói e um herói que se preze não pode andar por aí se empanzinando de pizza e refrigerante.

Também... coitado, né? O cara já tem 58 anos (nasceu no dia 23 de janeiro de 1958) e não deve estar nem aí pra nossa babaquice de saudosismo de herói de um tempo que a tv não tinha a praga do Faustão. Já deve até ser avô (a menos que fosse gay, ou tenha tido um único filho que é gay).

Mas o Angus Macgyver era demais... Imortalizado por uma espécie de agente secreto nada convencional a serviço das organizações Phoenix, dedicada a erradicar o mal da nossa sociedade.

Ele era safo, não andava por aí dando bandeira, não usava brinco, não tinha piercing nem tatuagens. Era um herói responsável da sua importância e do seu exemplo.
Era um agente secreto que não usava arma de fogo em suas missões. Equipado apenas com um canivete suíço, uma mochila, e com as coisas que ía pegando no caminho, sempre dava um jeito de escapar dos perigos que os vilões armavam para ele Isso porque suas maiores armas eram sua inteligência e um vasto conhecimento científico, que permitia que ele se safasse das situações mais complicadas sempre com soluções pouco comuns: chafurdava em todas as áreas do conhecimento inventando coisas a partir de objetos cotidianos.

Fazer uma bomba com chiclete? Consertar um carro com ele em movimento? Usar refrigerante para criar gás lacrimogêneo? Tudo era possível, desde que a situação exigisse. Com ele tudo terminava bem. Mac era um pouco de escoteiro, um pouco de gênio. Era tudo de um herói.

Um herói do meu tempo, e do tempo de muita gente.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Teologia a meu ver:
O céu é o mesmo que paraíso e o inferno é o mesmo que abismo. Mas, e o purgatório, vc sabe onde fica? E quantos anos o indivíduo deve ficar lá para criar vergonha? Nao tenho certeza, mas acredito que a pena deva ter um mínimo de 4 e um máximo de 8 anos. Depois, conforme o arrependimento, o infeliz pode entrar no céu, ou se nao tiver conserto mesmo, pega um chute bem no meio da costura e cai de vez no inferno.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008


Na torcida pela "seleçao brasileira", uma obra de arte, como deveria ser ainda o futebol.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Estive em Mororó



Por 37 anos contemplei a foz do Riozinho Cruzeiro do Vale em Porto Walter com uma grande curiosidade. Curiosidade motivada pelas lembranças do meu pai ainda garoto na década de 50 numa colocação chamada Malassombro. Sempre falou dos amigos índios (cabôcos no dizer dele). Nomes como Seu Napoleão Arara, Dona Judite, Vitorino, Crispin, Seu Genário, Rio Nilo, Rio Branco, e outros, fazem parte da sua memória. Talvez por essa memória dele, eu desde muito planejasse uma viagem ao Riozinho Cruzeiro do Vale ou Humaitá.

Nunca o tinha penetrado além de umas poucas voltas. Até que surgiu uma oportunidade nas eleições de 2008. Éramos cinco (quatro homens e uma mulher), com a missão de sobreviver por cinco dias numa localidade conhecida como Mororó.

No dia 2 de outubro cheguei no TRE ainda de madrugada para chegar ao aeroporto às nove horas para embarcar às 11 num “Black Hawk” (helicóptero UH-60) da Força Aérea Brasileira.
Embarcamos para a missão chamada “Prainha-Mororó” conforme constava no plano de vôo deles. A primeira no Rio Juruá-Mirim no município de Cruzeiro do Sul e a segunda no Rio Cruzeiro do Vale em Porto Walter. Pousamos em Prainha onde ficou a equipe de lá e partimos em direção a Mororó. Atingimos o Cruzeiro do Vale mas não encontramos tal lugar. Por duas vezes os camaradas da Aeronáutica pousaram buscando informações com moradores na tentativa de localizar a comunidade. Como não lograram êxito, buscaram no GPS as coordenadas mais próximas e rumaram para Thaumaturgo.

Na pista de Thaumaturgo (é apenas a pista mesmo, sem a menor estrutura que um aeroporto possa oferecer), só insatisfação por parte dos mesários e policiais que aguardavam o deslocamento às suas comunidades. Educadamente o oficial comandante da aeronave (Ten Martins) nos colocou a par da situação nos informando que para salvar o dia faria o deslocamento das equipes de Caipora e São João retornando em 40 minutos. Assim, pelo tempo exato, estava de volta. Embarcamos de volta a Cruzeiro do Sul. Lasquei quatro fotos de Thaumaturgo, mais outras de Porto Walter e viemos dormir em casa.


Sexta-feira, dia 3, com novas e precisas coordenadas (desta vez fornecidas pelo IBAMA) partimos num vôo direto até uma clareira. Era Mororó.
Ali o Cruzeiro do Vale tem uma largura média de 4 metros e 50 centímetros de profundidade. Mororó é uma propriedade particular (um campo de gado) situada na margem direita, onde a prefeitura construiu uma escola com duas salas. Está a meio caminho entre os dois principais afluentes (Nilo e Rio Branco), próximo às nascentes. Mororó abriga duas seções eleitorais das quatro que o município de Porto Walter tem fora da sede (as outras duas ficam na Reforma, no Juruá). Ali um prefeito ou vereador poderia ganhar ou perder uma eleição. Todo o cuidado seria pouco.
Apenas a escola e duas casas, uma delas pertence à professora e a outra é do proprietário do campo de gado.
Para alguém acostumado à vida na cidade, aquele era um lugar perigoso, melancólico, onde o tédio e a depressão poderiam acabrunhar o melhor dos comediantes. Para não vacilar, rapidamente arrumamos uma tarrafa, um guia, uma canoa e em menos de 40 minutos da chegada já estávamos em plena pescaria. Aquele pequeno rio nos salvaria durante dois dias. Não eram apenas peixes que procurávamos, era principalmente, a tentativa de ocupar o tempo. Jantamos peixe, claro.
No sábado a pescaria foi mais organizada. Compramos gasolina, arrumamos uma canoa maior e fomos em busca de um remanso rio acima numa colocação chamada Boa Vista. A habilidade do motorista e a falta de água impressionam. Fora o medo das arraias, é uma sensação indescritível, saltar na água e arrastar uma canoa, correr no meio de um rio quase seco ou atravessa-lo quase de um salto único. Os peixes não aprovaram muito nossa diversão, mas as pessoas que jantaram na enorme mesa do Osvaldo aprovaram.

Aos poucos fui encontrando parentes e conhecidos do meu pai. Tenho certos traços familiares que não me deixam passar despercebido. Gosto de uma boa conversa, gosto de ouvir historias, gosto de recontá-las.

Lá nos altos rios, fora da sua segurança, do seu habitat, você é o alvo. Inicialmente, sondam você, tiram sua medida, querem descobrir se você tem preconceitos e só depois, de ter segurança é que se deixam ver um pouco. Tenho facilidade com pessoas dos seringais. Falam pouco, são detalhistas, sagazes e bastante hospitaleiras. Pessoas simples e trabalhadoras que demonstram certo desapego ao dinheiro e à riqueza material. Dignas e educadas.
O sábado terminou com uma feliz novidade: a justiça eleitoral fizera chegar ainda no sábado até aquelas alturas do rio, vindo de Porto Walter, um gerador de energia para nosso conforto. Contratei de graça Bon Jovi e Renato Russo.

O domingo amanheceu com uma grande expectativa e ansiedade para todos. Amanheci mal humorado. Era a quarta eleição consecutiva que não votava, que para garantir o direito dos outros abria mão do meu próprio direito. São algumas das penas que os militares devem pagar por terem assassinado Jesus Cristo, Tiradentes, Felipe do Santos, Frei Caneca, Plácido de Castro, Che Guevara, Salvador Alende, Wladimir Herzog e terem dizimado uma cidade inteira – Canudos no sertão da Bahia (leia ou releia Os Sertões). Novamente me questionei sobre a importância de estar ali. Sempre acontece isso, e é bom que aconteça, porque consigo me isentar de paixões e aplicar a lei.

Finda a votação e divulgado o resultado daquelas seções, a vida foi voltando ao normal, com os eleitores partindo de volta para casa, (alguns enfrentariam 5 horas de caminhada pela mata, ou horas de arrastamento de canoas rio acima ou rio abaixo). E a apuração das outras urnas? Osvaldo tinha noticias.
Osvaldo não conheceu Ulisses Guimarães mas é MDB doente. Por ser o mais arranjado, tinha um rádio, que só ele conseguia ouvir, e certamente deveria estar com as pilhas trocadas, à la Gamileira (a história do jogo entre Flamengo e aquele outro time em que o Flamengo quase perdeu um título porque as pilhas do rádio estavam ao contrário), pois em Rodrigues Alves o Sebastião Correia era o vencedor e em Porto Walter, para a alegria quase geral, Wanderlei Sales não perdia mais. Ah, radiozinho ruim!

Pela manha, (parece que ele arrumou as pilhas do rádio) Burica aparecia como vencedor em Rodrigues Alves, e o Neuzari era declarado vencedor em Porto Walter. O que mudaria para eles? Nada, continuariam sendo apenas votos, números, e nada mais, sem vez nem voz.
Aproveitei a frustração deles para contar uma historinha de um amigo meu que chateado com a patifaria da politicagem, foi parar em Marte, e chegando lá deparou-se com o planeta tomado por intensa campanha eleitoral. Admirado, abordou um cabo aleitoral (até em Marte? Pois é, praga dá em todo planeta) querendo saber quais eram os partidos envolvidos na disputa, ao que foi informado com naturalidade que eram os mesmos de toda a galáxia, de todos os planetas: Como ele não gosta muito de política, naturalmente ficou confuso, mas o cabo gentilmente esclareceu: Aqui, como um todo o universo, a disputa é apenas entre dois partidos, o PQEC contra o PQQC. Ficou ainda pior, mas o cabo traduziu: PQEC é o Partido dos Que Estão Comendo, e o PQQC é o Partido dos Que Querem Comer. Me deram certa razão.

E como que para lavar a alma, uma chuva de oito horas. E como que para minar os nossos corações pela saudade de casa, os sapos do mundo inteiro cercaram a escola e iniciaram seu concerto agourento de uma nota só – Bú, bú, bú, bú...

Nosso resgate se deu pelas 10:00hs da terça-feira. Já dentro da aeronave, pela janela, contemplei pela última vez a escola São José, na Comunidade Mororó, no Rio Cruzeiro do Vale, município de Porto Walter. Onde estive por cinco dias sem ter a certeza de que valeu a pena.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Andei observando o resultado das eleiçoes de Cruzeiro do Sul e adjacências e nao sei por que lembrei de um poema de um amigo meu,(Fernando Pessoa), só para variar.

"O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa —
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstrata linha
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —
Os beijos merecidos da Verdade."

É possivel que vc nao tenha achado a menor graça no poema nem encontrado relaçao alguma com política, mas acredite, ele diz muito mais que um tratado ou tese sobre os descaminhos que a nossa triste populaçao tem tomado.

E que tal este, do mesmo poema?

"Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.

E aí?