Este é um blog de opinião. As postagens escritas ou selecionadas refletem exclusivamente a minha opinião, não sofrendo influência ou pressão de pessoas ou empresas onde trabalho ou venha a trabalhar.

terça-feira, 30 de outubro de 2012


Pesquisando por aí encontrei o interessante site Viagens e Negócios no Especial VN - Transporte no Amazonas
Vale a pena.

 “Os rios são as estradas no Amazonas”. Esta frase pode ser atribuída a vários estudiosos e conhecedores da região amazônica, como Samuel Benchimol. De fato, na região detentora da maior concentração de água doce do planeta, os rios são as estradas para o transporte entre as cidades.
As cidades localizadas no percurso de uma estrada, surgem, via de regra, a partir da construção da estrada. O transporte oferecido pela estrada proporciona o crescimento daquela localidade, que originalmente era uma vila, ou até mesmo pequeno povoado.

No caso dos rios, a relação com a cidade é um pouco diferente. Como não surgem rios de uma hora para outra, são as cidades que surgem às margens dos rios, desde que estes sejam navegáveis e tenham rotas regulares que possibilitem acesso a outros lugares.

A navegação nos rios do Amazonas, da forma que conhecemos hoje, teve origem com o ciclo da borracha, no final do século XIX. Devido ao volume gigantesco da produção de borracha e a importância econômica do produto tanto para o Amazonas como para o Brasil, o governo federal aplicou política de subvenção à navegação fluvial, que beneficiava os donos de embarcações que mantivessem rotas por toda a região amazônica. Os empresários ganhavam os vultosos benefícios e ainda ganhavam pela cobrança de passagens e pelo frete de mercadorias.

As rotas partiam de Manaus, no Amazonas e de Belém, no Pará, e avançavam por todo o Amazonas, indo ao extremo do Estado, como Eirunepé, no rio Juruá (ou além, como Cruzeiro do Sul, no Acre); Boca do Acre, no Rio Purus; Humaitá, no Rio Madeira; e Tabatinga no Rio Solimões.
 Foto de Navios a vapor (1)
Essa extensa rota exigia das embarcações a vapor, várias paradas durante a viagem para abastecimento da lenha, o combustível das caldeiras. Nas paradas das embarcações, a tripulação adentrava a mata em busca de madeiras que servissem de lenha. Eles próprios derrubavam as árvores, cortavam e transportavam em forma de lenha para o navio. A partir dessa atividade, surgiram portos de lenha, que ofereciam a madeira beneficiada, não havendo mais necessidade de a tripulação executar o trabalho, ao mesmo tempo gerando alguma riqueza para aquela localidade.

Os portos de lenha originaram várias cidades às margens dos rios. Ainda hoje é comum presenciarmos pequenas comunidades rurais em toda a extensão dos rios, resultado de uma atividade econômica principal, basicamente pequenas plantações de banana, mandioca e pesca artesanal.
As rotas criadas para o escoamento da produção de borracha não propiciaram somente o surgimento de vilas e cidades, mas também incentivaram a sua própria continuidade. Com o colapso da atividade da borracha, as rotas, que existiam somente em função de subsídios governamentais (e que não eram pouco), foram continuadas pela livre concorrência da iniciativa privada: algumas das embarcações das rotas da borracha, originalmente de propriedades de grupos transnacionais (maioria americanos), foram adquiridas por empresários brasileiros que acumularam riqueza em outra atividade econômica e viram o surgimento de uma atividade bastante rentável na região, uma vez que o transporte fluvial não estava limitado apenas ao transporte de pessoas e mercadorias, mas também poderia ser utilizado no desenvolvido do comércio ribeirinho através da atividade de ‘regatão’, existente até hoje, embora em menor dimensão.
 Imagem de Comunidade Rural no preparo da mixira de peixe boi (3)
A atividade de regatão consiste, basicamente, em transportar produtos da capital para ser comercializado nas comunidades e cidades do interior, e ao mesmo tempo a mesma embarcação compra a produção dos ribeirinhos e transporta para ser comercializada na capital. No inicio dessa atividade, os produtos eram bastante diversificados como tartarugas, tracajás (e seus ovos), peixe boi, mixira, pirarucu, pele de onça e de jacaré, e demais produtos da floresta. Devido ao surgimento de rigorosa legislação ambiental, logo depois de muitos animais e diversos tipos de madeira entrarem em extinção (como o peixe boi, tartaruga, e madeiras como cedro, mogno e outras), o comércio desses produtos passou a ser considerado crime e o tráfico incide nas punições previstas em lei. Essa fiscalização é uma das atribuições do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMbio), instituição ligada ao IBAMA e Ministério do Meio Ambiente.

Ao mesmo tempo, embarcações de menor porte foram construídas no estilo amazônico, ou seja, de madeira. Essas embarcações passaram a realizar viagens não tão longas como as realizadas pelos navios, mas contemplando, às vezes, a metade do percurso.

Na medida em que o transporte fluvial avançava para as mãos da iniciativa privada local, outras modalidades passaram a existir, mesmo que precariamente: o transporte rodoviário e aéreo.

Mas esses são temas para os próximos artigos sobre o transporte no Amazonas.

Origem das Fotos e imagem:

(1) e (2) - Do livro "Navegação e Transporte na Amazônia" de Samuel Benchimol - 1995

(3) - Do blog http://www.pedromartinelli.com.br/blog/?p=243

Fonte: www.viagensenegocios.com.br

domingo, 28 de outubro de 2012

Por aqui se anunciando um temporal, enquanto em Rio Branco... "até o dia clarear..." (um samba para comemorar a vitória da gratidão).

Rio Branco não tem uma maioria de analfabetos, também não tem gente dos altos igarapés decidindo quem será o prefeito da cidade.
Lá, quem escolhe o prefeito da cidade é o povo da cidade. Viva, Rio Branco!!!
  

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Vítimas e "vitimas"...

Julgar é das tarefas mais difíceis que existe. Também é das mais tentadoras, por isso muitos acreditam que é fácil. Acredito que a dificuldade está em identificar as vítimas. 

Há 3 meses a região do Juruá foi assombrada com a notícia de um caso de incesto no rio Gregório (veja reportagem no final da postagem).

No inicio desta semana, mais um caso. Dessa vez foi no Rio Liberdade onde um criminoso seduziu uma criança. Nos dois casos, um bom advogado encontraria em seus crimes tantas atenuantes que eles teriam grandes chances de absolvição. 

Não quero parecer conivente com crimes, mas também não consigo deixar de sentir pena da miséria a que a maioria dos moradores daquelas brenhas estão submetidos. 

A mesma justiça que libertou no mês passado um covarde morador do mesmo rio que assassinou um policial militar no exercício da função, agora demonstra toda a sua bravura e rigor. 

Não discuto a legalidade em nenhum dos casos, mas quem praticou maior crime? Os estupradores das crianças(não assassinos efetivamente) ou o assassino do policial? 

Dirão os movidos à hipocrisia - "os estupradores, pois assassinaram a inocência e o futuro das crianças".

E eu me pergunto: Será que a esposa e os filhos do Sgt Francisnato que se orgulhavam dele, que dependiam dele e o viram sem vida dentro de um caixão e lembram dele com uma saudade que não tem cura, todas as horas do dia também não mereciam um melhor tratamento? Será que o seu assassino já deveria estar solto, já gozar de uma liberdade que pode ser definitiva?

Ninguém vai conseguir me convencer que um estupro deva ser tratado com mais rigor que um homicidio. Nada, nada se compara ao valor de uma vida, nem mesmo o estupro. Ao Sgt Francisnato foi negado o direito de ter sofrido uma violência e recomeçar a vida, naquele caso é fácil identificar a vítima e o autor.

Nos dois casos de estupro, para a justiça também parece não restar dúvida e os estupradores, os "sádicos estupradores" rapidamente são atirados na penitenciária.

Já no caso do Sgt assassinado...

Antes de julgar criminosos estupradores moradores dos altos rios se faz necessário avaliar várias possibilidades.

Uma delas é a geografia.
Desde criança que ouço falar nos rios Boa Fé, Gregório, Jaquerana, Liberdade e outros tantos rios, como lugares de homizio, para onde os criminosos se refugiavam seguros da impunidade, dada a distância e o dispêndio para caçá-los.
Ali, diziam, os cabras amolam o terçado pelos dois lados e usam como espada, puxando de trás das costas como os cavaleiros medievais. E festa para ser boa tinha que morrer pelo menos um...
Um retrato colorido, com milhões de pixels, do que fomos há talvez cinquenta, setenta anos. 
Outra é a omissão do poder público do nosso país. 
Na maioria desses lugares, a justiça que chega, quando muito, é a justiça eleitoral. E nenhum outro direito de cidadania sequer de trabalho. 
No caso do estuprador do Gregório, vinte anos levaram para tomar conhecimento da violência ali praticada no alto do barranco. Tanto tempo que a criança se fez mulher e mãe de seis filhos. Vinte anos de convivência...
Imagem: Site Juruá Online
Vinte anos de conhecimento e omissão de todos no rio, da família, da mãe (ex-esposa), dos barqueiros, dos políticos donos dos rios, dos caçadores, dos mercenários que trafegam por ali. Vinte anos...
Ali, o estado chegou uma única vez em 20 anos. E como tivesse chegado atrasado porque "é muito longe e talvez não desse para voltar com o dia" resolveu rapidamente, ao pé da pela letra fria da lei. 
Prendeu, resgatou, arrebatou e deve julgar severamente um miserável que mesmo sem ter sido ensinado, sem nunca ter frequentado escola, deveria conhecer a lei.
Deveria conhecer a lei... Nem Deus com o povo no deserto foi tão implacável. Nem Deus...
No Brasil oficialmente não existe pena de morte, entretanto, quando absolve político que rouba remédio, merenda escolar, que desvia, que usurpa, indiretamente legaliza-a.
Minha hipocrisia me faz desejar para os "facínoras estupradores" dos altos rios a pena de morte. Pelo menos nesses casos, pois suas "sandices, insanidades, poucas vergonhas e imoralidades" nos envergonham, mostrando ao mundo o que fomos (e ainda somos em vários lugares), desnudam nossas práticas "civilizatórias" na época dos seringais, onde a maioria dos coronéis seringalistas e seus filhos eram os primeiros a "usar"(para usar o mesmo verbo que o estuprador dessa semana usou para dizer que copulou com a menina) as filhas dos seringueiros, a ultrajar suas famílias.
As vítimas dos estupros terão (eu espero) toda a atenção e preocupação das autoridades. Psicólogos e especialistas em violência infantil talvez publiquem uma tese sobre a violência contra menores no Juruá. É bem possível.
Pois bem, quanto aos assassinos do Sgt Francisnato foram  defendidos com a tese de potencialmente insanos e na ausência de um  simples laudo médico que atestasse ou não a possibilidade, foram liberados para retornar ao convívio da sua comunidade. 
Eles dispararam e mataram um policial sabendo que era um policial, mas possivelmente são loucos...
Meu Deus, será que manter a filha como mulher cativa, na miséria por 20 anos não é ser completamente louco? Pela mesma presumível insanidade libertem também os pedófilos do Gregório e  do Liberdade.
Não sou advogado, não tenho estômago e nem formação acadêmica para tal, mas se fosse, gostaria de fazer a defesa pelo menos do criminoso do Gregório. 
Que fique bem claro, não estou isentando os estupradores do peso da culpa, mas é que certas coisas me revoltam.

Veja as reportagens do Juruá Online  
Preso ribeirinho que sequestrou, estuprou e engravidou a filha seis vezes
Homem é preso vivendo maritalmente com menina de 11 anos

domingo, 14 de outubro de 2012

Música para refletir, ou não...



CACHORRO 00171 SUA MELANCOLIA É A MINHA
Saindo de uma agência bancária aqui na cidade do Trabalho e Cidadania, depois de escapar de dois pedintes, suspeitos estelionatários de olhares piedosos, deparei-me com ele.
Encolhido no canto da calçada, dormindo em pleno sábado de sol. 

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terça-feira, 2 de outubro de 2012

A injustiça ainda precisa ser denunciada e combatida. O mundo não vai melhorar sozinho. (Eric Hobsbawm)


Por aqui quase ninguém soube, mas ontem (01/10) faleceu em Londres Eric John Ernest Hobsbawm considerado por muitos o maior historiador da civilização ocidental. 

Eric Hobsbawm nasceu em Alexandria, no Egito em 9 de junho de 1917. Gostava de falar que sua vida, com maior ou menor proximidade, esteve entrelaçada aos principais eventos do séc XX (Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa, Crise de 29, ascensão dos regimes totalitários europeus, Segunda Guerra Mundial, Guerra Fria, fim de URSS, e outros).

oi um historiador marxista de nacionalidade britânica, reconhecido internacionalmente. Ao longo da sua vida foi sempre um conhecido membro do partido comunista britânico.

Um de seus interesses foi o desenvolvimento das tradições. Seu trabalho é um estudo da construção destas no contexto do Estado-nação. Argumentara que muitas vezes as tradições são inventadas por elites nacionais para justificar a existência e importância de suas respectivas nações.
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