Pesquisando por aí encontrei o
interessante site Viagens e Negócios no Especial VN - Transporte no Amazonas
Vale a pena.
“Os rios são as estradas no Amazonas”. Esta
frase pode ser atribuída a vários estudiosos e conhecedores da região
amazônica, como Samuel Benchimol. De fato, na região detentora da maior
concentração de água doce do planeta, os rios são as estradas para o transporte
entre as cidades.
As cidades localizadas no
percurso de uma estrada, surgem, via de regra, a partir da construção da
estrada. O transporte oferecido pela estrada proporciona o crescimento daquela
localidade, que originalmente era uma vila, ou até mesmo pequeno povoado.
No caso dos rios, a relação com
a cidade é um pouco diferente. Como não surgem rios de uma hora para outra, são
as cidades que surgem às margens dos rios, desde que estes sejam navegáveis e
tenham rotas regulares que possibilitem acesso a outros lugares.
A navegação nos rios do
Amazonas, da forma que conhecemos hoje, teve origem com o ciclo da borracha, no
final do século XIX. Devido ao volume gigantesco da produção de borracha e a
importância econômica do produto tanto para o Amazonas como para o Brasil, o
governo federal aplicou política de subvenção à navegação fluvial, que
beneficiava os donos de embarcações que mantivessem rotas por toda a região
amazônica. Os empresários ganhavam os vultosos benefícios e ainda ganhavam pela
cobrança de passagens e pelo frete de mercadorias.
As rotas partiam de Manaus, no
Amazonas e de Belém, no Pará, e avançavam por todo o Amazonas, indo ao extremo
do Estado, como Eirunepé, no rio Juruá (ou além, como Cruzeiro do Sul, no
Acre); Boca do Acre, no Rio Purus; Humaitá, no Rio Madeira; e Tabatinga no Rio
Solimões.
Foto de Navios a vapor (1)
Essa extensa rota exigia das
embarcações a vapor, várias paradas durante a viagem para abastecimento da
lenha, o combustível das caldeiras. Nas paradas das embarcações, a tripulação
adentrava a mata em busca de madeiras que servissem de lenha. Eles próprios
derrubavam as árvores, cortavam e transportavam em forma de lenha para o navio.
A partir dessa atividade, surgiram portos de lenha, que ofereciam a madeira
beneficiada, não havendo mais necessidade de a tripulação executar o trabalho,
ao mesmo tempo gerando alguma riqueza para aquela localidade.
Os portos de lenha originaram
várias cidades às margens dos rios. Ainda hoje é comum presenciarmos pequenas
comunidades rurais em toda a extensão dos rios, resultado de uma atividade
econômica principal, basicamente pequenas plantações de banana, mandioca e
pesca artesanal.
As rotas criadas para o
escoamento da produção de borracha não propiciaram somente o surgimento de
vilas e cidades, mas também incentivaram a sua própria continuidade. Com o
colapso da atividade da borracha, as rotas, que existiam somente em função de
subsídios governamentais (e que não eram pouco), foram continuadas pela livre
concorrência da iniciativa privada: algumas das embarcações das rotas da
borracha, originalmente de propriedades de grupos transnacionais (maioria americanos),
foram adquiridas por empresários brasileiros que acumularam riqueza em outra
atividade econômica e viram o surgimento de uma atividade bastante rentável na
região, uma vez que o transporte fluvial não estava limitado apenas ao
transporte de pessoas e mercadorias, mas também poderia ser utilizado no
desenvolvido do comércio ribeirinho através da atividade de ‘regatão’,
existente até hoje, embora em menor dimensão.
Imagem de Comunidade Rural no
preparo da mixira de peixe boi (3)
A atividade de regatão consiste,
basicamente, em transportar produtos da capital para ser comercializado nas
comunidades e cidades do interior, e ao mesmo tempo a mesma embarcação compra a
produção dos ribeirinhos e transporta para ser comercializada na capital. No inicio
dessa atividade, os produtos eram bastante diversificados como tartarugas,
tracajás (e seus ovos), peixe boi, mixira, pirarucu, pele de onça e de jacaré,
e demais produtos da floresta. Devido ao surgimento de rigorosa legislação
ambiental, logo depois de muitos animais e diversos tipos de madeira entrarem
em extinção (como o peixe boi, tartaruga, e madeiras como cedro, mogno e
outras), o comércio desses produtos passou a ser considerado crime e o tráfico
incide nas punições previstas em lei. Essa fiscalização é uma das atribuições
do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMbio), instituição ligada ao
IBAMA e Ministério do Meio Ambiente.
Ao mesmo tempo, embarcações de
menor porte foram construídas no estilo amazônico, ou seja, de madeira. Essas
embarcações passaram a realizar viagens não tão longas como as realizadas pelos
navios, mas contemplando, às vezes, a metade do percurso.
Na medida em que o transporte
fluvial avançava para as mãos da iniciativa privada local, outras modalidades
passaram a existir, mesmo que precariamente: o transporte rodoviário e aéreo.
Mas esses são temas para os
próximos artigos sobre o transporte no Amazonas.
Origem das Fotos e imagem:
(1) e (2) - Do livro
"Navegação e Transporte na Amazônia" de Samuel Benchimol - 1995
(3) - Do blog
http://www.pedromartinelli.com.br/blog/?p=243
Fonte:
www.viagensenegocios.com.br
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