Este é um blog de opinião. As postagens escritas ou selecionadas refletem exclusivamente a minha opinião, não sofrendo influência ou pressão de pessoas ou empresas onde trabalho ou venha a trabalhar.

quinta-feira, 28 de março de 2013

O dia que Antonio Marazona foi censurado em Porto Walter


Talvez fosse 1985. Com certeza era 1985. Ou quem sabe, 1986...
E o fuxico por ali, como sempre, fazia mais vítimas que a peixeira ou o pau de fogo. Assim, como combustível de intrigas, feito uma luva, o cantor amazonense Antonio Marazona gravou uma música intitulada “Mulher Feiticeira” (ver no You tube). Tremendo sucesso no Botequim do Chico Panca, fazia parte de um LP com 12 faixas incluindo “Mulher Endereço”, “Cadê Você”, “Manaus Sorrindo”, “Sonhei Contigo”, “Dama da Noite”, entre outras.
A luva era a letra, que apesar de não ter nada de espetacular, cantada por alguém no caminho que passava em frente a casa da inimiga, funcionava como uma ofensa, um chamado para amarrar as camisas e se acabar no pau. A letra, de cara, já é uma agressão.

“Vai doer a sua consciência/Porque quem não pensa/Só vive a errar
Tentando derrubar alguém/Que só lhe fez o bem/Você vive a pecar
Remorso eu sei que vai sentir/Se não conseguir/Me levar a morte
Fez tudo pra me destruir/Não vai conseguir/O meu santo é forte
Em nome do pai/Em nome do filho/E do espírito Santo
Segue o teu caminho/Me deixa sozinho/Em paz no meu canto.
Por onde tu for/Não existe amor/Não existe paz
Mulher feiticeira/Tu és mensageira/Do satanás”.
Quando tu morrer/Ninguém vai querer /Levar o teu caixão
E tua alma vai chorando/Gritando bem alto/Pedindo perdão
E eu aqui na terra/Me pego com Deus/Pra tu não voltar mais
Mulher indiota(para ser fiel na transcrição)/Nem depois de morta/ Me deixa em paz.”

Como qualquer arenga terminava mesmo na delegacia, o “doutor delegado” decidiu que como medida protetiva proibia a acusada de “cantar, cantarolar, soletrar, recitar, ronronar, e até mesmo assobiar ou “fazer com a boca” toda ou partes da música “Mulher Feiticeira” do Antonio Marazona”.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Se é assim, deixa o Feliciano mesmo...


O que pode estar por trás de Feliciano nos Direitos Humanos?

O PSC já tem os nomes para ocupar a presidência da comissão caso do deputado Felicano renuncie. Um deles é o da deputada Antônia Lúcia (do Acre), vice-presidente da comissão.

A parlamentar é processada pelo Ministério Público Federal (MPF) do seu estado , que pediu a cassação do seu mandato. Antônia Lúcia também é acusada de compra de votos e de improbidade administrativa. 

O outro nome é Zequinha Marinho (PSC-PA), que poderia enfrentar a resistência de militantes, já que também é visto como radicalmente contrário aos direitos dos homossexuais...Leia tudo aqui neste link

quinta-feira, 21 de março de 2013

“Para os pobres, é dura lex, sed lex. Para os ricos, é dura lex, sed latex”

Por hoje, lanço mão de uma frase do escritor Fernando Sabino (1923-2004) para ilustrar uma matéria da TV Juruá levada ao ar no dia de hoje.

Sob o título Um peso e duas medidas é uma síntese do poder econômico que por aqui se enraizou e prospera assustadoramente. 

Anteontem, porque "dura lex, sed lex", Fiscais da prefeitura derrubam banheiro e revoltam moradora (clique e confira), há quatro anos, diante do poder econômico, "dura lex, sed latex".

quarta-feira, 20 de março de 2013

Oh! tristeza me desculpe / Estou de malas prontas / Hoje a poesia / Veio ao meu encontro / Já raiou o dia Vamos viajar.


Para render uma homenagem a um artista, nada melhor que reproduzir sua obra. 
No caso de Emílio Santiago, escolhi “Viagem”. Pouco conhecida, “Viagem” é uma dessas canções que apesar de belas só fazem sentido depois que seus autores partem. 
Viagem não é a minha interpretação preferida de Emílio Santiago (prefiro Tudo que se quer, com Verônica Sabino), mas certamente é a que melhor expressa o sentimento de perda de uma das vozes mais belas que ouvi.

Viagem (Emílio Santiago)

Oh! tristeza me desculpe
Estou de malas prontas
Hoje a poesia
Veio ao meu encontro
Já raiou o dia
Vamos viajar.
Vamos indo de carona
Na garupa leve
Do vento macio
Que vem caminhando
Desde muito longe
Lá do fim do mar.

Vamos visitar a estrela
Da manhã raiada
Que pensei perdida,
Pela madrugada
Mas que vai escondida
Querendo brincar.
Senta nessa nuvem clara,
Minha poesia,
Anda se prepara,
Traz uma cantiga
Vamos espalhando
Música no ar.

Olha quantas aves brancas,
Minha poesia
Dançam nossa valsa,
Pelo céu que o dia
Faz todo bordado
De raio de sol.
Oh! Poesia me ajude,
Vou colher avencas
Lírios, rosas, dálias
Pelos campos verdes
Que você batiza
De jardins do céu.

Mas pode ficar tranquila,
Minha poesia,
Pois nós voltaremos
Numa estrela guia
Num clarão de lua
Quando serenar.
Ou talvez até quem sabe,
Nós só voltaremos
No cavalo baio
No alazão da noite
Cujo nome é raio,
Raio de luar.

domingo, 17 de março de 2013

Ô raça imunda!!!

Não teria melhores palavras para exprimir meu desprezo pela classe empresarial de Cruzeiro do Sul. 

Recentemente a presidente Dilma anunciou mais uma medida econômica na intenção de reduzir o custo de vida da população. A medida - zerar (deixar de cobrar) todos os impostos federais nos produtos contidos na chamada cesta básica.

Como sempre, a ótima notícia por aqui foi bastante festejada, afinal, as pessoas mesmo as mais pobres, tem acesso ao noticiário. 
Demorou uma semana e a redução no preço dos alimentos que fazem parte da tal cesta básica, nada. 

Foram ter com o chefe dos empresários (pomposamente chamado Presidente da Associação Comercial) e a explicação dele  foi antes de tudo a confissão de um crime. Vivêssemos num país sério...

Descaradamente, o mercenário burguês admitiu que em Cruzeiro do Sul não haveria redução de preços, porque para empresários cruzeirenses os produtos da cesta básica já são (por conta da Zona Franca ou área de Livre Comércio, acho) isentos dos impostos que a presidente, com a medida, estendia a todo o país.

Assim, diante das câmeras, declarou que o empresariado cruzeirense desde muito tempo já compra mais barato (por ser daqui) e vende mais caro que em qualquer outro lugar do país (porque o povo não sabe que a BR364 já dá acesso o ano todo).

Comprar mais barato e vender mais caro, sempre...  Eis uma conta fácil de se fazer que por aqui justifica as fortunas injustificáveis. Sinceramente, não precisa se meter com drogas para "juntar dinheiro com cambito". 

É revoltante, um bando de mercenários se esbaldando em riqueza às custas do massacre dos miseráveis. 

Enquanto isso o nosso Náuas afunda sem apoio... 

E falando em Náuas, sugiro que leia o artigo Chorar, para que chorar? do jornalista Jairo Nolasco. 
       

quarta-feira, 13 de março de 2013

Um "Papa do fim do mundo".

Há quase 521 anos quando europeus espanhóis desembarcaram no Novo Mundo e voltaram contando a novidade causaram um enorme alvoroço entre os teólogos e os cientistas. Aos primeiros, os obrigou a aceitarem um mundo redondo em que os mares não terminavam em abismo e que não obrigava o sol a circundá-lo em 24 horas. Aos segundos era imponderável que refizessem seus mapas.

Não cabe aqui descrever a tragédia sofrida pelas populações americanas resultante daquele contato forçado entre dois mundos em que um detinha o aparato bélico mais  moderno que poderia existir à época e o outro ainda vivia na idade da pedra. Os exageros foram tantos que em 1537 o Papa Paulo III lançou uma bula afirmando que os índios tinham alma. 

Em 1492 a igreja católica vivia os primeiros dias de um de seus piores papas (Alexandre VI - ver em Wikipédia. Parentes do papa são descritos na conhecida obra O Príncipe - de Maquiavel, por aí você tire).

Mas hoje, com a eleição de Jorge Bergoglio (Papa Francisco) a América Latina que sempre foi objeto das ações da igreja passa a sujeito dessas ações.

A eleição de um papa do Novo Mundo, 521 anos depois da invasão européia é uma espécie de redenção, comparável à eleição de Evo Morales, o primeiro índio a comandar um país latino-americano.

Não esperemos grandes mudanças, uma revolução de um homem de 76 anos, a meu ver sua escolha já é uma revolução. Acho até que fez referência a isso quando discretamente definiu-se como um "papa do fim do mundo".

terça-feira, 12 de março de 2013

Vai faltar psicólogo...

Sob o título O FIM DO GOLPE DA TELEXFREE foi publicado hoje na versão online da conceituada revista CartaCapital uma esclarecedora matéria assinada pelo jornalista Luis Nassiff sobre o milagre da multiplicação dos dólares. 

Não tenha nada com isso, não perdi nada (nem mesmo o carro ou a casa), mas é um alerta a quem ainda está balançando para mergulhar de cabeça. 

Se for realmente uma roubada, vai faltar psicólogo...

segunda-feira, 11 de março de 2013

1978 - O ano dos três papas


Quando a partir de amanhã (12.03.13) os cardeais escolherem um novo papa será o quinto em 35 anos (1978 – 2013). Em 78 a cristandade se viu abalada por um ano de em que enterrou dois papas (Paulo VI e João Paulo I). 
Eu recordo que em Porto Walter foi um ano terrível para a Igreja. Naquele ano além dos dois papas citados, em dezembro ainda morreria afogado o Padre Alfredo Nuss numa desobriga no Igarapé Natal.
Pesquisando no site Wikipédia, descobri que não foi a primeira vez que a igreja teve três papas num único ano, veja:  

O Ano de três papas ou o Verão de três papas é uma referência comum para 1978, quando o Colégio dos Cardeais, foi forçado a escolher, em conclaves papais, novos papas, em rápida sucessão, devido à morte do antecessor. Isto resultou em um ano, mais especificamente no verão, em que a Igreja Católica, foi conduzida por três homens diferentes. Paulo VI, que morreu em agosto, e foi sucedido por João Paulo I, que morreu apenas trinta e três dias depois de ser eleito Papa (em 28 de setembro); sua morte resultou na eleição de João Paulo II em 16 de outubro, e que esteve em funções até à sua morte em 2005.
Houve vários casos em que três ou mais papas mantiveram o cargo em um determinado ano. Anos em que a Igreja Católica foi liderada por três papas diferentes incluem:
752: Papa Zacarias - Papa Estêvão II (não considerado um papa legítimo) - Papa Estêvão III
827: Papa Eugênio II - Papa Valentino - Papa Gregório IV
896: Papa Formoso - Papa Bonifácio VI - Papa Estêvão VI
897: Papa Estêvão VI - Papa Romano - Papa Teodoro II
928: Papa João X - Papa Leão VI - Papa Estêvão VII
965: Papa Leão VIII - Papa Bento V - Papa João XIII
1003: Papa Silvestre II - Papa João XVII - Papa João XVIII
1187: Papa Urbano III - Papa Gregório VIII - Papa Clemente III
1503: Papa Alexandre VI - Papa Pio III - Papa Júlio II
1555: Papa Júlio III - Papa Marcelo II - Papa Paulo IV
1590: Papa Sisto V - Papa Urbano VII - Papa Gregório XIV
1605: Papa Clemente VIII - Papa Leão XI - Papa Paulo V
1978: Papa Paulo VI - Papa João Paulo I - Papa João Paulo II
Houve um ano em que a Igreja Católica foi liderada por quatro papas (Ano dos quatro papas):
1276: Papa Gregório X - Papa Inocêncio V - Papa Adriano V - Papa João XXI

sábado, 9 de março de 2013

"Ultimate Function Credit"


(dedicado ao amigo Jairo Nolasco)

Por uma dessas armadilhas do destino o candidato daquele chefe de uma repartição pública desceu na balsa, e descendo, a corda que o segurava e vários outros aduladores aos seus bagos rompeu-se.

Rei morto, rei posto e o novo chefe, mesmo sem ter sido sequer coroinha de Maquiavel resolveu perseguir os antigos quase eternos donos da repartição. Para demitir não, não tinha poder para tanto, mas para perseguir, dar uma boa prensa, isso daria. Rapidamente, numa segunda feira, desceu a caneta distribuindo transferências e cassando gratificações.

Do maior ao menor fez valer sua autoridade de ter escolhido o candidato certo, o candidato vencedor.

Antes de assumir já trabalhara na inteligência e na espionagem do setor para saber a preferência política dos indivíduos com quem iria lidar.

Pela manhã, a nova secretária foi chamando um a um os antigos chefes de setor e quando saíam da sala do novo chefe geral as notícias sobre o novo modus vivendi implantado ali a partir daquele dia iam arrepiando todos. Um ditador, um lobo em pele de leão, um FDP da pior qualidade era o que era, ah cabra fresco!

Nisso ele chama o garagista. O indivíduo era um faz tudo. Garagista porque vivia por ali, mas era de tudo um pouco. O mais de tudo mesmo era na mecânica geral.

Embaixo de um carro, lambuzado de graxa, já sabendo da miséria que acometia a todos por ali, do jeito que se encontrava entrou na sala do cidadão, que surpreendentemente mandou que sentasse num sofá novinho que dava até pena.

O chefe perguntou o que fazia por ali, quanto ganhava, se gostava do serviço, se tinha família.

Tinha mulher e dois filhos, apesar de ganhar pouco gostava do serviço, mas como não era empregado mesmo, não tinha nada assinado, era só dizer que não o queria mais por ali que já estava de saída.

O chefe explicou que como forma de reconhecimento pelos relevantes serviços iria transforma-lo em funcionário da repartição mesmo sem concurso, bastando apenas uma ligação para o seu padrinho político. Já tinha decidido, resolveria o problema de salário botando-lhe uma “FC”. Encerrou a audiência recomendando que trouxesse o quanto antes a fotocópia dos documentos para enviá-lo à capital para iniciar um treinamento.

O garagista não demonstrou nenhum gesto de satisfação, apenas saiu e encaminhou-se à garagem.

Nisso passa um companheiro e ao vê-lo arrumando as poucas coisas que tinha por ali, já se despedindo, perguntou:

_ E aí, como foi a conversa com o Hitler, ele te mandou embora, foi?
_ Não, mas eu vou, eu não fico aqui é nem amarrado, era só o que me faltava, o cara diz que vai te ajudar e quer é te f.d.r, e logo eu que nunca briguei nem na escola...
_ Sim, mas o que ele queria mesmo?
_ Disse que ia me colocar naquele tal de “UFC”, eu tenho é nojo daquilo, tu já prestou a atenção naquela porra? é um cara morrendo todo ensanguentado e o outro terminando de matar! Esconjuro! Fui!!!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulher


Um aroma suave
exalou das mãos do Criador,
quando seus olhos contemplaram
a solidão do homem no Jardim!
Foi assim:
o Senhor desenhou
o ser gracioso, meigo e forte,
que Sua imaginação perfeita produziu.
Um novo milagre:
fez-se carne,
fez-se bela,
fez-se amor,
fez-se na verdade como Ele quer!
O homem colheu a flor,
beijou-a, com ternura,
chamando-a, simplesmente,
Mulher!
Ivone Boechat

domingo, 3 de março de 2013

Parabéns, Arthur!

Hoje, Arthur Antunes Coimbra - o Zico, o maior jogador do Flamengo em todos os tempos e um dos melhores do Brasil completa 60 anos. Apesar de não ter gravado seu nome na história do futebol mundial com o vencedor de uma copa do mundo, Zico o fez de uma maneira que muito nos orgulha, e deveria servir de exemplo para alguns palhaços de hoje. Caráter, lealdade, companheirismo, profissionalismo e simpatia, foram suas melhores jogadas. 
Demonstrando a admiração ao craque da minha infância, a saudade expressa na música de Moraes Moreira quando Zico anunciou a aposentadoria.


"Modos medidos que o fazem parecer pouco latino"...

Com a renúncia de Bento XVI começaram as especulações sobre o nome do novo papa. Qual  o melhor nome, de que continente, de qual país deveria ser, e por aí...Sinceramente? Tanto faz. Se o indivíduo é cardeal supostamente reúne condições para a promoção papal. 

Apesar da minha quase indiferença quanto à nacionalidade e o perfil do novo pontífice, tenho marcado alguns para torcer contra no conclave dos próximos dias. 

Entre os possíveis papas, não gostaria de ver eleito um norte americano, um italiano, um argentino e hoje, por uma notícia publicada no G1(veja AQUI), um brasileiro.
 
A notícia de o brasileiro Dom Odilo Scherer estaria sendo cotado para papa é no mínimo para nos indignarmos. A indignação é pela forma preconceituosa com que os europeus vêem os latino-americanos. 

Dom Odilo estaria sendo cotado não apenas pelo o que é e pelo que representa (do continente americano onde estão o maioria dos católicos), mas porque apesar de ser latino, não parece ser. Ou seja, o que o credencia não é o que é, mas o que não parece ser.

Se é assim, para que inventar um genérico, se apenas um europeu consegue ser original, "medido"? Nem deveriam convidar os latinos-americanos, para não dar sopa para o azar, vai que a zebra resolve dar as caras por lá. E por falar em zebra, já me vem o nome de Peter Turkson, o cardeal ganês.

sexta-feira, 1 de março de 2013