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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Literatura Brasileira

Hoje é Dia das Bruxas. Parabéns a todas as bruxas do mundo, principalmente as que conheço.
Mas também é o Dia das Donas de Casa, do Comissário de Vôo...
Fui severamente repreendido por ter postado Florbela Espanca antes de homenagear um escritor nacional. Ah, povo difícil, meu Deus!
Tudo bem, vamos começar por um bem antigo, que já gostei muito, mas porque me falaram que ele perseguia os modernistas, deixei um pouco de lado.
Bilac tem sonetos belíssimos.
Tédio

Sobre minh'alma, como sobre um trono,
Senhor brutal, pesa o aborrecimento.
Como tardas em vir, último outono,
Lançar-me as folhas últimas ao vento!

Oh! dormir no silêncio e no abandono,
Só, sem um sonho, sem um pensamento,
E, no letargo do aniquilamento,
Ter, ó pedra, a quietude do teu sono!

Oh! deixar de sonhar o que não vejo!
Ter o sangue gelado, e a carne fria!
E, de uma luz crepuscular velada,

Deixar a alma dormir sem um desejo,
Ampla, fúnebre, lúgubre, vazia
Como uma catedral abandonada!...

Última Página

Primavera. Um sorriso aberto em tudo. Os ramos
Numa palpitação de flores e de ninhos.
Doirava o sol de outubro a areia dos caminhos
(Lembras-te, Rosa?) e ao sol de outubro nos amamos.

Verão. (Lembras-te, Dulce?) À beira-mar, sozinhos.
Tentou-nos o pecado: olhaste-me... e pecamos;
E o outono desfolhava os roseirais vizinhos,
Ó Laura, a vez primeira em que nos abraçamos...

Veio o inverno. Porém, sentada em meus joelhos,
Nua, presos aos meus os teus lábios vermelhos,
(Lembras-te, Branca?) ardia a tua carne em flor...

Carne, que queres mais? Coração, que mais queres?
Passam as estações e passam as mulheres...
E eu tenho amado tanto! e não conheço o Amor!
Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac, jornalista, poeta, inspetor de ensino, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de dezembro de 1865, onde também faleceu, em 28 de dezembro de 1918. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Filho de Braz Martins dos Guimarães Bilac e Delfina Belmira dos Guimarães Bilac. Matriculou-se na Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro, mas desistiu no 4o ano. Tentou o curso de Direito em São Paulo, mas desistiu no primeiro ano. Dedicou-se entao ao jornalismo e à literatura. Fundou vários jornais, todos de pouca duraçao, como A Cigarra, O Meio, A Rua. Na seção "Semana" da Gazeta de Notícias, substituiu Machado de Assis, trabalhando ali durante anos.
É o autor da letra do Hino à Bandeira.

Pelo jornalismo político que exercia nos primeiros anos da República, foi severamente perseguidos por Floriano Peixoto. Esteve escondido em Minas Gerais, quando freqüentou a casa de Afonso Arinos em Ouro Preto. No regresso ao Rio, foi preso. Em 1891, foi nomeado oficial da Secretaria do Interior do Estado do Rio. Em 1898, inspetor escolar do Distrito Federal, cargo em que se aposentou, pouco antes de falecer.
Sua obra poética enquadra-se no Parnasianismo, que teve na década de 1880 a fase mais fecunda. Embora não tenha sido o primeiro a caracterizar o movimento parnasiano, pois só em 1888 publicou Poesias. Fundindo o Parnasianismo francês e a tradição lusitana, Olavo Bilac deu preferência ao soneto.
Nas duas primeiras décadas do século XX, seus sonetos de chave de ouro eram decorados e declamados em toda parte, nos saraus e salões literários comuns na época. Nas Poesias encontram-se os famosos sonetos de "Via-Láctea" e a "Profissão de Fé", na qual codificou o seu credo estético, que se distingue pelo culto do estilo, pela pureza da forma da linguagem e da simplicidade.
É a um só tempo, um poeta lírico, e um poeta de tonalidade épica, de que é expressão o poema "O caçador de esmeraldas", celebrando os feitos, a desilusão e morte do bandeirante Fernão Dias Paes. Bilac foi eleito o "Príncipe dos Poetas Brasileiros", no concurso que a revista Fon-fon lançou em 1o de março de 1913. Alguns anos mais tarde, principalmente por acasiao da Semana de Arte Moderna, os poetas parnasianos seriam o principal alvo do Modernismo. Foi um destacado conferencista, e produziu também contos, crônicas e obras didáticas.
Obras: Poesias (1888); Crônicas e novelas (1894); Crítica e fantasia (1904); Conferências literárias (1906); Dicionário de rimas (1913); Tratado de versificação (1910); Ironia e piedade, crônicas (1916); Tarde (1919); Poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957).

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