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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Andei observando o resultado das eleiçoes de Cruzeiro do Sul e adjacências e nao sei por que lembrei de um poema de um amigo meu,(Fernando Pessoa), só para variar.

"O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa —
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstrata linha
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —
Os beijos merecidos da Verdade."

É possivel que vc nao tenha achado a menor graça no poema nem encontrado relaçao alguma com política, mas acredite, ele diz muito mais que um tratado ou tese sobre os descaminhos que a nossa triste populaçao tem tomado.

E que tal este, do mesmo poema?

"Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.

E aí?

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