Hoje na História

1822 - Coroação e sagração de D. Pedro I como imperador do Brasil.

1902 - Lançamento do livro "Os Sertões", de Euclides da Cunha.

Euclides da Cunha é um dos meus escritores preferidos.

Nunca me arrisquei a compreender Euclides, não completamente. Já o enxerguei como historiador, antropólogo, político, e mais recentemente, como poeta. A métrica se faz presente até nos seus textos mais banais.

Ao ler um texto seu, percebemos estar diante de um texto inteiro, justo, em que nada poderia ser acrescentado, ou extirpado.

Os Sertões, publicado há exatos 107 anos, representou um marco na literatura nacional.

Veja este trecho em que denuncia o isolamento (e por que não dizer, o alheamento) do sertanejo, em contraste com o progresso dos grandes centros urbanos. É perfeito.

“A linha férrea corre no lado oposto. Aquele liame do progresso passa, porém, por ali, inútil, sem atenuar sequer o caráter genuinamente roceiro do arraial. Salta-se do trem; transpõe-se poucas centenas de metros entre casas deprimidas; e topa-se para logo, à fímbria da praça – o sertão... Está-se no ponto de tangência de duas sociedades, de todo alheias uma à outra. O vaqueiro encourado emerge da caatinga, rompe entre a casaria desgraciosa, e estaca o campião junto aos trilhos, em que passam, vertiginosamente, os patrícios do litoral, que o não conhecem.”