Este é um blog de opinião. As postagens escritas ou selecionadas refletem exclusivamente a minha opinião, não sofrendo influência ou pressão de pessoas ou empresas onde trabalho ou venha a trabalhar.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Há 40 anos...

Hoje, de acordo com o meio cientifico, faz 40 anos que o homem pisou na Lua.

Há quem duvide, há quem concorde e há quem considere irrelevante.

Sou um desses muitos adeptos da irrelevância de muitas coisas.

Considero que a visita do homem à Lua pouco ou quase nada representou para a Humanidade.

O que mudou por aqui? Aperfeiçoamos a partilha, o perdão, a humildade?

Porra nenhuma! Digo e repito pra quem quiser: A riqueza de poucos é a miséria de milhões.

Digo e repito... para algumas Hilux novinhas que encontramos por aí, centenas, milhares de lascados no submundo de muitos vícios...

Há uma “mão invisível” em cada fortuna...

Enquanto terráqueos lunáticos voltam seus olhos para o cosmos, o povo se arrebenta nos caixas dos supermercados.

Drummond tinha razão.

Tivéssemos chegado à extinção da fome...
Tivéssemos chegado à cura de alguma doença...
Tivéssemos parado...
Teria valido a pena.

O Homem; As Viagens (Carlos Drummond de Andrade)

O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.

Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

Nenhum comentário: