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segunda-feira, 6 de julho de 2009

Globalização e a gripe do “caititu”

Não adianta. Se o vírus da nova gripe (H1N1) ainda não chegou por aqui, ainda chegará. É o preço que se deve pagar pela globalização.
Essa tal globalização é uma danada mesmo. Ela se manifesta de várias formas e conseqüências. Veja um exemplo (há outros, mas escolhi esse):

Nasci numa vilazinha do Alto Juruá e lá vivi até 17 anos quando mudei para uma vilazinha um pouco maior.
Após dez anos retornei a passeio e tomei um susto. Crianças de 12, 13 anos tatuados, com piercing (nome global para argola de porco que os jovens encastroam no beiço, na língua, na sobrancelha e em outros lugares mais recônditos), e o que é pior, viciados em “nóia”, falando gírias pra lá de esquisitas.
É a globalização, meu amigo.

Nem quero entrar num debate sobre vantagens ou desvantagens, até porque essa idéia de uma grande “aldeia global”, que aniquila a cultura local em detrimento de uma cultura dita “superior”, me enoja.
Não sei por que, associo globalização a neoliberalismo. Acho que é por ter aprendido que o que é bom para os ricos é péssimo para os pobres.
A idéia de uma aldeia global é muito boa para os capitalistas.

Agora a gripe suína (ou Gripe A, ou H1N1) e a pandemia. Ela será trazida pela globalização. Aliás, ela já chegou por aqui, pelo menos no medo e na vontade de alguns. Alguém duvida que vai ter gente politizando a questão?

Fico pensando que quando chegar deve aparecer algum marqueteiro procurando regionalizar o nome da doença. Por aqui, deverá ser “gripe do caititú” ou do “queixada”.
Chego a pensar, também, que vai aparecer gente falando que a culpa é do PT.

Que a nova gripe vai chegar por aqui também, acho que ninguém duvida, mas por enquanto, estamos protegidos. É a nossa miséria que nos protege, por enquanto.

E é isso que me tranqüiliza. É o fato dela ter nascido nos países ricos e não haver um método de prevenção eficaz, de não escolher o paciente pela conta bancária, que a nova gripe rapidamente será debelada.
Eu também tenho medo, não adianta negar, mas não posso deixar de questionar os “terroristas” de plantão.


Você sabia que a malária mata quase 2 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo? Porque então os países ricos não se importam? É que o mosquito transmissor prefere as regiões tropicais, justamente onde estão os pobres.

A Malária afeta a população mais pobre do planeta, 90% dos quais só na África, a maioria com menos de cinco anos de idade.

Dois milhões... nem dá para comparar com os pouco mais de 300 óbitos da nova gripe.

Hanseníase, tuberculose, pneumonia, dengue, desnutrição, disenteria e outras moléstias também matam milhões a cada ano.
Milhões de pessoas... nem dá para comparar.

A violência urbana assassina a vida e a esperança de milhões de pessoas, mas os ricos podem comprar veículos blindados, apartamentos em condomínios de luxo e escapar (por enquanto) dela.

Nem dá para comparar...

Acidentes de trânsito matam 1,27 milhão de pessoas no mundo anualmente, 35.000 dos quais só no Brasil.

Nem dá para comparar...

Laboratórios radicados nos países ricos ganham milhões de dólares com a venda de remédios para “combater” doenças nos países pobres.

É uma lógica brutal: Laboratórios não financiam pesquisa para produzir vacinas. Se não existir doença quem vai tomar remédio?

Se não existir guerra quem vai comprar armas? Será que a indústria bélica financia o Greenpeace?

Por enquanto, a nova doença dá prejuízo aos capitalistas e é por isso que acredito que rapidamente será debelada. A menos que algum laboratório resolva patentear a doença e ela começe a dar lucro. E aí...

Acredito que por aqui, a gripe do porco vai continuar ainda um bom tempo como tem sido até agora: Um grande fuxico, mas com a possibilidade de ser real.

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