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domingo, 7 de novembro de 2010

A Fuga do Gado (Os números do Censo de 2010 em Cruzeiro do Sul)

O Censo/2010 está quase fechando e pelos números apresentados até o momento Cruzeiro do Sul parece que encolheu. Será?

Não sou geógrafo e, portanto, qualquer avaliação minha sobre crescimento demográfico ou estatístico não terá fundamentação alguma.

Mesmo assim, vou tentar entender os entrenúmeros: Há 8 anos, pelos “números oficiais”, Cruzeiro do Sul já contava com população de 84.000 pessoas. Pelos números atuais, não deve atingir os 80.000 hab. O que teria havido? Por que as autoridades políticas do município e parte da imprensa estão para perder o juízo? Qual é o problema não sermos do tamanho que imaginávamos?

Por mim, tanto faz, muito embora eu prefira cidades menores com boa qualidade de vida que metrópoles sem prumo e rumo.

Contestar os números do Censo não me parece coisa de gente responsável. Que os “especialistas” contestem o trabalho da polícia, do judiciário, dos políticos, eu até entendo, mas... Tudo bem que aos olhos de muita gente, o mundo é o pior lugar do sistema solar e que o Acre o pior lugar do planeta, mas daí a contestar os números do IBGE?

O que nos move são nossas expectativas e interesses. Assim, eu compreendo a agonia da Prefeitura, mas a agonia de alguns da imprensa...

Tem imbecil que olha números e já pensa ou só pensa em matemática. Eu nem gosto muito de matemática, mas aprendi o suficiente para fazer pequenas contas. A verdade é que eu gosto da matemática apenas para fazer analogias.

Veja essa aqui, por exemplo: Numa região da Groenlândia havia 4 fazendas. Eu comprei uma fazenda que tinha um pasto com 1.000 ha e um rebanho de 100 animais. Fizeram a contagem do meu gado e baseado nesse censo bovino eu recebia R$1,00 por cabeça o que me dava R$100,00 em recursos para alimentar e vacinar o gado.

Ocorre que até 1991 as 4 fazendas eram uma só. Nessa época eu já era um homem poderoso e sem imaginar que um dia a maior fazenda seria minha, votei a favor de dividir a grande fazenda em 4 fazendas menores. A divisão foi da seguinte forma: cada nova fazenda levaria uma parte da área, uma parte do gado e cada uma delas teria um novo dono, e um novo nome. Assim distribuídos: Fazenda do Peixe – 20 hectares e 10 cabeças de gado. Fazenda do Burro – 20 hectares e 7 cabeças. Fazenda do Amonea – 30 hectares e 7 cabeças. 

Com a divisão, a antiga fazenda  manteve o nome, 66 cabeças de gado e apenas 30 hectares de área. O bom, maravilhoso, estupendo em tudo isso, é que continuei a receber os mesmos R$100,00 de antes apesar de ter minha área e meu gado diminuído. Assim, poderia alimentar melhor o meu gado, prestar uma melhor assistência ao rebanho, fazer novas cercas (um novo curral, ops!), enfim, melhorar minha fazenda, mas... 

Entendeu o desespero?

Agora vem uma nova contagem e por ela passa a impressão de que a minha fazenda diminuiu. Diminuiu não, gente, o gado continua crescendo, engordando, e até ficando mais brabo (compare números de Serra e Dilma), acontece que o gado está preferindo as fazendas menores onde come melhor e o dono é mais humano. Se você fosse gado, iria querer viver debaixo de peia? Se pudesse fugir, iria preferir ficar?

O nosso gado está fugindo. Veja os números:

Censo 2000

Censo 2010

Cruzeiro do Sul        -      67.441

77.323

Marechal Thaumaturgo -  8.295

14.111

Rodrigues Alves       -      8.093

14.100

Porto Walter             -      5.485

  8.984

Pelos números apresentados até agora, conforme o gráfico acima fica fácil entender porque Cruzeiro do Sul “encolheu” nos últimos 10 anos. Se tivesse crescido na mesma proporção de Rodrigues Alves ou Marechal Thaumaturgo, já teríamos ultrapassado os 100.000 habitantes, mas estamos é diminuindo... Sim, perdendo moradores para os novos municípios onde a Prefeitura paga melhor, tem assistência médica, igrejas, boas escolas (estaduais e municipais com professores capacitados), energia elétrica 24 horas, internet, a violência é menor e a qualidade de vida é melhor. Municípios onde não existem muitas opções de lazer(entenda, casas noturnas iguais as de Cruzeiro do Sul), mas quem foi que disse que pessoas de bem colocam boates como prioridade?

As nossas autoridades não deveriam ter preocupações megalomaníacas. Não deveria ser o número de moradores da cidade que deveria estar em pauta. O que deveria importar era a qualidade de vida e o grau de satisfação da população, isso sim.

Vai um conselho(para nada): As nossas autoridades deveriam antes, melhorar a ração do gado e suspender o chicote, que ficar contestando os números do IBGE. 

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