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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um Novenário de Paz


Fui a duas novenas, participei da procissão, e ouvi na missa campal a prédica do Bispo Dom Mosé de quem me orgulho ser amigo.


Matutei em cada frase sua e em todas elas reconheço a razão e a autoridade do líder carismático.

Atacou os excessos e os descabimentos que levam um cristão, tanto ao inferno quanto aos presídios e aos cemitérios.


Realmente nós católicos necessitamos levar uns carões de vez em quando, mas uma questão me fez decidir repensar um pouco mais.


Foi a defesa de uma “ecologia humana”, onde o homem faça parte. Foi a defesa da fé.


Foi um discurso duro, mas foi um discurso necessário.


Falou sobre as modas de um cristão, dos excessos da bebida e da violência doméstica. Violência que não freqüentou o arraial, graças a lucidez de quem proibiu a venda de bebidas alcoólicas.


Dom Mosé é o líder moderno de uma igreja moderna.

Sim, a Igreja católica é uma igreja moderna. Se nos debruçarmos sobre o período histórico conhecido como Reforma e suas causas, veremos de que lado hoje se encontra os cobradores de indulgências e os inquisidores.


Basta ligar a TV e não será difícil encontrar um cidadão qualquer prometendo o perdão e a riqueza material a um simples depósito em espécie em alguma conta bancária. Tetzel, o mais sanguinário vendedor de indulgências não foi tão eficiente.


Dom Mosé não vende indulgências, nem pratica inquisição.

Durante um bom tempo, acompanhei a imagem da Virgem da Glória e não vi ninguém a adorando nem beijando seus pés se isso poderia servir de crítica a um católico. Penso na tolerância religiosa.

Também não vi o Bispo se gabando de milagres de cura nem extorquindo os fiéis. Nem coleta de ofertas houve. Fossem alguns líderes que vejo na televisão... daria para encher pelo menos um saco de dinheiro.


Não vi ninguém se gabando de salvação comprada. Se gabando de milagres, mas milhares estavam ali feito eu para agradecer por um (o meu era do tamanho de uma Twister que com motoqueiro e tudo na manhã de Páscoa passou por cima da Biz que eu dirigia no portão da minha garagem. O da minha mãe era do tamanho de duas cirurgias realizadas e bem sucedidas em Goiânia há quinze dias).


Católico também vive, recebe e acredita em milagres. Católico também tem fé.

A procissão desse ano foi muito mais um ato de contrição. Pautada por um quase silêncio (pela deficiência no sistema de som) e devoção.


Um novenário de paz foi o que vivemos este ano. Sem bêbados mijando em qualquer lugar, sem cachaceiros caídos, sem ensangüentados levados ao pronto socorro ou ao cemitério.


O novenário deste ano foi o novenário das famílias.

Não muito bom talvez, para os comerciantes vendedores de tragédias, impedidos de vender bebidas alcoólicas, mas potencialmente valioso para a manutenção das tradições cristãs na região.


Os organizadores acertaram na proibição, pois o mundo será levado adiante pelo esforço e obra das famílias, não pela obra fedorenta e abominável dos cachaceiros.

Ponto para a fé e a tradição. Ponto para a modernidade de uma igreja milenar.

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