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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Frei Mansueto G. Bozic


Há cinco anos falecia Frei Mansueto. Quem frequentou a Universidade Federal do Acre no Campus de Cruzeiro do Sul até 1998 sabe de quem estou falando. Quem esteve preso (ou trabalhando como eu) na Guimarães Lima na mesma época também.
Mansueto era um homem de autoridade, incansável e dedicado aos menos favorecidos. 
Também era crítico. Recordo que certa vez ali no pátio do acanhado campus da UFAC (onde hoje funciona o CEFLORA e não era mais que cinco salas) calou um oficial que proferia uma palestra alusiva à semana do Exército. O pobre oficial a certa altura, empolgado com a atenção da platéia acabou dizendo: “Senhores, o Exército Brasileiro não conhece a derrota!” Pra que..., Mansueto pediu a palavra e perguntou: O senhor poderia falar qual guerras ele venceu? O palestrante rapidamente citou a Guerra do Paraguai e a Campanha da Itália na Segunda Guerra Mundial. Agradeceu pela resposta mas botou um “trava palestra” quando perguntou: "E Canudos o senhor não cita?"
Depois, já na sala de aula, explicou que nada tinha contra o Exército, mas é que como professor não poderia deixar que ninguém adestrasse seus alunos com meias verdades. Valeu, Frei!
Em outra oportunidade, durante um culto ecumênico, após fazer sua parte, teve que ouvir calado um colega “descer a marreta” nos principais pilares da teologia católica. Diante da agressão, todos os olhares se voltaram para o Frei, que curiosamente permanecia indiferente. Depois da  desastrada pregação, exigiu diante do corpo docente que o colega se retratasse. Comentam que uma parte do discurso teria sido assim: "Agora, na presença dos colegas nós vamos discutir religião". O colega da marreta, animado, foi logo pegando a Bíblia e preparando mais algumas marretadas, no que foi atalhado pelo Frei: "Guarde sua Bíblia, colega, de escritura o senhor deve saber tudo, nós vamos falar é de amor, de tolerância, de respeito". Valeu Frei, por mais uma lição!
Além de ter nos ensinado o “Pater noster, qui es in caelis”(era professor de Latim e Filologia Românica) era também professor de política. Gostávamos de acreditar que era comunista. Suas aulas não dispensavam revistas como a Veja ou a Manchete. Frei Mansueto gostava de alertar quanto à distância entre a teoria e a prática. E como estava amparado na verdade..., ah, se tava!
Por essas e outras, a lembrança do Frei é uma boa lembrança. A celebração religiosa da nossa colação de grau (Letras/UFAC – 1996) foi conduzida por ele no auditório do Centro de Treinamento Diocesano ao lado da Igreja Nossa Senhora Aparecida. 
(na foto de 1996, o Frei, eu e o Prof. Doutor João Carlos de Carvalho).

O Boletim Interno da Província São Lourenço de Brindes dos Frades Menores Capuchinhos do Paraná e Santa Catarina (Brasil) assim noticiou sua morte e um inventário da sua obra missionária com destaque à missão no Acre. (doc. em PDF pág. 75)

Na noite entre 22 a 23.6.2007, faleceu em Santa Cruz de Aidússina (Eslovênia), frei Mansueto Bozic.
Nasceu em Vipacco (território italiano, atualmente da Eslovênia) aos 5.8.1928, filho de José Bozic e Teresa Kete. Continue lendo Aqui

Um comentário:

Wallace Rocha disse...

Muito legais as lições do Frei! Estamos precisando de algumas dessas por aqui! Ótima reverência a tua a ele. Valeu, amigo. Um abraço!