Hoje é sábado e o torcedor acreano/cruzeirense
(acreano, acreano, acreano sempre) ainda curte a ressaca pela eliminação do
Brasil na copa. Mas julho ainda é o mês da Copa do Mundo. Pelo menos para
uruguaios e holandeses.
É também o mês que se inicia uma outra competição
acirrada - a disputa eleitoral. Por isso resolvi fazer uma analogia.
Disputa política, de uma forma bem didática, dá
para comparar a uma Copa do Mundo.
Numa eleição, em tese, qualquer um pode ser
candidato. Pela lei, qualquer um que vote pode ser votado, mas não é bem assim.
Analfabetos podem votar, mas o TER não registra candidaturas de analfabetos,
embora, sem precisar ir muito longe, conheçamos personalidades que apesar de
assinarem o nome demonstram uma ignorância fora dos padrões (se é que existe
padrão para ignorância) e até conseguiram se eleger.
Numa Copa do Mundo, diferente do que muitos
possam crer, a disputa não ocorre apenas entre as 32 seleções. A disputa
começou há três anos quando todos os países filiados à FIFA se lançaram numa
disputa de eliminatórias. O que chamamos de Copa do Mundo é apenas a culminância.
Numa eleição, o elemento precisa estar filiado a algum partido político (a
menos que seja militar, pois os militares não podem e nem precisam ser
filiados) e ter um trabalho, um engajamento social para ser credenciado.
Se a Copa fosse a política digamos que as
Eliminatórias seriam as convenções dos partidos. As convenções funcionam como um
filtro, para impedir que candidatos muito fracos ou muito “queimados” derrubem
a competição. Essa eliminatória deveria ser feita inicialmente pelos partidos,
baseadas na ética, na lógica e na lei das probabilidades. Como a maioria dos
partidos não tem esse controle, a sociedade exigiu uma eliminatória mais
eficiente e foi aí que surgiu o “Ficha Suja” que inicialmente chamava-se “Ficha
Limpa” (não era mais confiável?).
Após as convenções, começa a última fase do
torneio. Enquanto na copa do mundo dura 30 dias, na política a última fase dura
90 dias. E pelo menos em tese, na última fase, todos tem iguais chances de
vitória.
Pelo menos em tese. Ou alguém em sã consciência
acreditou que seleções como a Coréia do Norte ou Honduras poderiam ser campeãs
do mundo? Assim também é com alguns candidatos e partidos. Por acaso dá para
acreditar que um sujeito que tenha perdido uma eleição para presidente da
associação de moradores do bairro em que mora, num municipiozinho lá no fim do
mundo, possa ganhar uma eleição de deputado federal?
E cabe mais comparações. Tem os chamados
“candidatos copa do mundo” que aparecem apenas de quatro em quatro anos, porque
há também, infelizmente, os “eleitores copa do mundo”, que se interessam por
política apenas durante o período eleitoral e aceitam qualquer mentira como
verdade. Eleitor copa do mundo não acompanha a vida pregressa do candidato,
vota pela valentia, pelo ódio que o candidato demonstra em seus discursos ou
pelas agressões que ouve em relação a outros candidatos ou projetos políticos.
Para se jogar uma Copa do Mundo o jogador nem
precisa ser um craque, basta ser “chegado” do treinador. Na política, para um
candidato disputar uma eleição precisa também ser chegado do treinador, que no
caso é o presidente do partido. Como na maioria dos casos o critério de seleção
é o da amizade e o do interesse, o candidato nem precisa ser bom ou
respeitável. Se tiver dinheiro, muito dinheiro para investir, sua convocação é
quase certa, a amizade vem depois.
Os estádios são as urnas, palco onde se ganha ou
se perde uma eleição. Durante uma partida um candidato pode receber cartão
vermelho, basta cometer alguma irregularidade. Como um bom zagueiro, um “bom”
político deve saber fazer faltas, ter moral com o juiz. Conhecer o juiz é
importantíssimo numa partida, pois cair dentro da área tanto pode representar
pênalti como simulação de pênalti, e assim sendo... cartão amarelo, ou
vermelho.
As concentrações serão os comitês eleitorais onde
os candidatos treinam junto aos simpatizantes, mas serão nos “treinos secretos”
que armarão alguma arapuca para os adversários. Será nos treinos secretos que
morrerão pizzas, caixas de cerveja e uísque.
E as vuvuzelas? Duvido que não virem moda daqui
para diante em todas as copas. Vuvuzelas tentam empurrar o time para cima do
adversário, mas não conseguem mudar o resultado de uma partida. Na política, as
vuvuzelas são os comícios, os carros de som, o horário eleitoral gratuito(um
dos maiores absurdos).
Mas, graças a Deus, as vuvuzelas da política
(assim como as da copa do mundo) podem fazer o barulho que fizerem, mas pouco
podem diante da superioridade do adversário. Essa superioridade pode se
manifestar através de dinheiro(onde quem tem parece mais bonito e insuspeito)
ou da consistência das propostas(onde o trabalho realizado e a possibilidade de
fazer mais são evidentes e plausíveis).
Assim, quando começar pra valer a copa
do mundo da política, será fácil identificar as vuvuzelas. Farão muito barulho,
mas...
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