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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Tocava o sino na torre

Tocava o sino na torre 
E sabíamos o exato da hora 
O exato amanhecer. 
O dia esperava o sino tocar 
Para nascer ou morrer. 
As mãos esperavam tocar meio-dia 
Estendidas a pedir a bênção 
A quem tivesse autoridade. 
Os que tinham almoço 
Esperavam tocar meio-dia 
Pra começar a comer. 
Tocava o sino na torre 
Tocado no automatismo 
Dos passos quase inaudíveis 
De sineiro fantasma. 
Tocava o sino na tarde 
Ecoando nas colinas 
Após tocar decorado 
No exato entardecer 
A ave-maria. 
Tocava um sino na torre 
Tocado por penitente. 
Se alguém, tocado por braço forte, 
Perdia maior batalha 
Era sino diferente. 
Preguiçoso e melancólico 
Ditando o exato da hora 
No exato desapego 
Tocava o sino na torre 
Ecoando na saudade.

(Quatro Colinas, pág 37)

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