Este é um blog de opinião. As postagens escritas ou selecionadas refletem exclusivamente a minha opinião, não sofrendo influência ou pressão de pessoas ou empresas onde trabalho ou venha a trabalhar.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Aconteceu Hoje

Nasceram:
1506 - Francisco Xavier (canonizado em 12/03/1622)
1623 - Gregório de Matos Guerra (poeta brasileiro - algumas fontes citam 1633)
1772 - Charles Fourier (filósofo e economista francês)
1889 - Gabriela Mistral (poetisa chilena, Nobel de literatura em 1945).
1939 - Francis Ford Coppola (cineasta norte-americano)
1949 - Guido Mantega (economista brasileiro nascido na Itália)
1949 - Jaime Rocha (escritor português)
1950 - Marisa Letícia (esposa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva)
1964 - O ator Russell Crowe (Gladiador)
1971 - O ator Guillaume Depardieu (filho de Gérard Depardieu)
1971 - Flávio Silvino (ator brasileiro)
1971 - Antonio Franciney de Almeida Rocha


Quem? Pois é, e por segurança para o caso de alguém um dia cismar de fazer meu mapa astral ou minha biografia e escrever coisas que não quero, vou esmiuçar direitinho:
Em Cruzeiro do Sul (por garantia, porque por aqui tinha médico e em Porto Walter não), na Rua Newton Prado, para além do Campo do Manoel Terças, quase descendo para as olarias, na casa da Tia Raimunda Salomé, às 17h30min, numa quarta-feira.


Poema para hoje:

Aniversário (Fernando Pessoa)

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

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