Talvez nem fosse oito horas ainda. O dia nem amanhecera direito, completamente, e fui fazer História, ou melhor, fui aplaudir a História. Onde? Na ponte sobre o Rio Juruá.
Hoje atravessei o Rio Juruá a pé enxuto, caminhando, tal qual a passagem bíblica do Êxodo, só que às avessas. Ao invés de descer ao leito do rio, flutuamos sobre ele.
Em tais eventos fico por ali, pelos cantos, para não ser notado, assim a gente tem tempo de ouvir e calcular. Tudo dentro dos conformes, algumas bravatas, alguns rompantes poéticos, agradecimentos, aplausos... Tudo dentro das conformidades demais. Uma obra daquelas, construída diante da incredulidade de tantos, não deveria ser visitada sem um pouco de raiva ou de revanche.
Nunca imaginei o Rio Juruá tão insignificante, pequeno, tão fácil de atravessar. Fomos na contramão de direção mesmo.
Fui acompanhado os amigos Valdeci e Andrade Filho numa caminhada de 10 minutos, conversando, calculando pensamentos e curtindo a paisagem. Dali Cruzeiro do Sul parece outra cidade e certas impossibilidades nos envergonham. Exemplo disso são os prédios do centro comercial sem reboco e pintura, uma porcaria. Quanto deve custar uma lata de cal e uma broxa?
Eu não deveria ter ido. Em tais oportunidades eu me revolto com uma certa cambada de imbecis que povoam Cruzeiro do Sul. É para eles que aquela ponte está sendo construída. Contrariando certos preceitos, acredito que os grandes milagres são para os que não tem fé. Onde estão? Devem estar calados só aguardando uma eleiçãozinha qualquer para demonstrar sua ingratidão.
Alguns dirão: Agora que estou podendo andar sobre ela, eu acredito! Outros dirão: Pra quê ponte, se o governo do PT não me deu um carro? Pois é...,mas Deus nos deu pernas para caminhar, razão para entender e oportunidade para reconhecer os erros. Alguns até reconhecem, mas tem demorado...
E eu, que fico ali pelos cantos só calculando, fico pensando. O que temos perdido com a imbecilidade, a cegueira, a surdez, a imbecilidade e a ingratidão de muitos. Abaixo, algumas imagens da primeira travessia na primeira ponte sobre o Rio Juruá.
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