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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Não é com a psicologia, o caso é mais complexo...

Foi aqui perto de casa. Ontem, Domingo de Páscoa, um dos "cambraia" sangrou a companheira com uma "peixeira" e ainda saiu cantarolando. 

Isso foi relatado em vários jornais de Cruzeiro do Sul inclusive com fotos que demonstram uma falta de respeito com a vítima que deixaria constrangido até o cabuloso (um site produzido por imbecis para pessoas mais imbecis).

Outra vez a peixeira. É na peixeira que os machões daqui tentam apagar seus chifres, suas "desonras". Fosse no tempo de Jesuíno, Lampião, Antônio Silvino, Corisco, vá lá, mas precisamos evoluir...

Hoje uma psicóloga tentava alertar sobre os riscos de relacionamentos que podem acabar da mesma forma. A especialista nos ensinava a identificar um assassino futuro... Ah, se fosse fácil a gente resolveria com um simples decreto... Assassinos, na maioria das vezes, são pessoas comuns. 

Por desconhecimento talvez, faltou mencionar uma possibilidade. A de que grande parte dessa violência descabida em que a peixeira é a arma está fundamentada na nossa origem sertaneja.

A esse respeito, sobre essa coragem (afoiteza é melhor) que dilacera, que esquarteja, que sangra os adversários com uma faca, Euclides da Cunha relatou em "Os Sertões" que os conselheiristas impunham verdadeiro terror às tropas do Exército ante a possibilidade de uma luta corpo-a-corpo tal a ferocidade dos adversários.

Na nossa cultura amazônida, seringueira, a bravura dos valentões e dos cangaceiros é contada às crianças como herança e tradição familiar. Já ouvi causos de valentões que por um cigarro ou um fuxico amarravam as camisas e lutavam até a morte. 

A morte violenta é algo que atrai certas pessoas e nem os redatores de alguns sites de notícias daqui conseguem se livrar da "exaltação da morte". Por isso o sangue no monitor.

Na tragédia do domingo de páscoa, aqui no bairro, tem menos de "chifre" e traição do que os simplistas imaginam. 
Novamente se expõe as vísceras de outras possibilidades. Não foi por traição, não foi por desonra, não foi por amor ou ódio. Não quero aqui ser um defensor do determinismo social, mas procure saber quem são "os cambraias". 
Certamente eles (assim como quase todos nós) tem na bagagem familiar, de herança genética, causos macabros, de mortes e "coragem", de bravuras e bravatas, de exclusão social (imposta ou deliberadamente buscada).
Nesse caso, arrisco supor, Hobbes tinha razão.     

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