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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Alguns noticiaram que este ano o novenário em honra à Nossa Senhora da Glória teve um decréscimo de visitante. Abstraíram ser o motivo a concorrência com  o Festival do Açai realizado em Feijó, que encerrou-se na mesma data da procissão,  dia 15 de agosto.

Discordo dessa percepção. Primeiro porque em se tratando da procissão, eu que já participo dessa caminhada há mais de 10 anos, ininterruptamente, confesso que não vi essa diminuição do número de caminhante. Pelo contrário, a percepção foi de que o número está  cada vez maior.

Segundo, porque as festas do novenário e a do Açai não são concorrentes. Uma é religiosa e outra pagã. Em uma a diversão é espiritual. Na outra é a diversão carnal que fala mais alto." Uma pela fé, a outra por mulher", como  diz o serelepe Crazebeque.

O fato de a Igreja, de forma acertada - e tardia, ter repelido a venda de bebidas alcoólicas no espaço destinado aos comerciantes arrefeceu o ânimo de alguns.Porém, quem gosta de organização, segurança e bem estar adorou essa decisão eclesiástica. E posso garantir que  a maioria dos cruzeirenses, católicos ou não,  está satisfeita.  Não toma o Bispo essa posição e logo a festa religiosa em homenagem a Santa Padroeira estaria se confundido com a festa do vinho ao deus Baco.

A tendência daqui por diante será de as famílias ocuparem esses espaços, outrora dos barulhentos pinguços que sequer sabiam onde ficava a Catedral. Essa multidão preste a cometer todo o tipo de transgressão social  não faz falta ao novenário.Façam bom uso do vil metal, para envenenarem seus corpos e vidas em outro local. Opções não faltam. Existem bares aos montes nesta Terra dos Náuas para quem tem a "ebriobol" como esporte, suar o uniforme levantando os copos.

Incrivelmente não sou católico, mas adoro a procissão. Porque? Por que é sem dúvida a festa mais cruzeirense de todas. Não existem propagandas e nem marketing oficial. Quem convida é a tradição e esta é o norte. O povo é que ordeiramente a organiza, no mais completo improviso. Ninguém, homem nenhum nesta terra se beneficia materialmente da procissão. Este é sem dúvida o dia que mais sinto orgulho do povo cruzeirense. É vã filosofia e inútil esforço querer sobressai-se nesta multidão sem guia terreno.

Calcinha Preta é uma atração, sem dúvidas, mas não conseguirá jamais suplantar o andar pausado e imponente desse povo descendo a ladeira do Morro da Glória, como um rio de fogo, visão provocada pela velas acesas e levantadas, orgulhosamente, há mais de 50 anos.Este para conosco é o show. É emocionante. E nem é preciso ser católico para sentir isso.Basta ter Deus no coração,s er tolerante com a fé alheia e acima de tudo  gostar de verdade de Cruzeiro do Sul. " [...] Glória,Glória Maria, Mãe padroeira de Cruzeiro do Sul [...]".
Postado no Blog Jurubeba Juruaense do amigo Jairo Nolasco.

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