Alguns noticiaram que este ano o
novenário em honra à Nossa Senhora da Glória teve um decréscimo de
visitante. Abstraíram ser o motivo a concorrência com o Festival do Açai
realizado em Feijó, que encerrou-se na mesma data da procissão, dia 15
de agosto.
Discordo dessa
percepção. Primeiro porque em se tratando da procissão, eu que já
participo dessa caminhada há mais de 10 anos, ininterruptamente,
confesso que não vi essa diminuição do número de caminhante. Pelo
contrário, a percepção foi de que o número está cada vez maior.
Segundo, porque as festas do
novenário e a do Açai não são concorrentes. Uma é religiosa e outra
pagã. Em uma a diversão é espiritual. Na outra é a diversão carnal que
fala mais alto." Uma pela fé, a outra por mulher", como diz o serelepe
Crazebeque.
O fato de a Igreja, de forma
acertada - e tardia, ter repelido a venda de bebidas alcoólicas no
espaço destinado aos comerciantes arrefeceu o ânimo de alguns.Porém,
quem gosta de organização, segurança e bem estar adorou essa decisão
eclesiástica. E posso garantir que a maioria dos cruzeirenses,
católicos ou não, está satisfeita. Não toma o Bispo essa posição e
logo a festa religiosa em homenagem a Santa Padroeira estaria se
confundido com a festa do vinho ao deus Baco.
A tendência daqui por diante
será de as famílias ocuparem esses espaços, outrora dos barulhentos
pinguços que sequer sabiam onde ficava a Catedral. Essa multidão preste a
cometer todo o tipo de transgressão social não faz falta ao
novenário.Façam bom uso do vil metal, para envenenarem seus corpos e
vidas em outro local. Opções não faltam. Existem bares aos montes nesta
Terra dos Náuas para quem tem a "ebriobol" como esporte, suar o uniforme
levantando os copos.
Incrivelmente não sou católico,
mas adoro a procissão. Porque? Por que é sem dúvida a festa mais
cruzeirense de todas. Não existem propagandas e nem marketing
oficial. Quem convida é a tradição e esta é o norte. O povo é que
ordeiramente a organiza, no mais completo improviso. Ninguém, homem
nenhum nesta terra se beneficia materialmente da procissão. Este é sem
dúvida o dia que mais sinto orgulho do povo cruzeirense. É vã filosofia e
inútil esforço querer sobressai-se nesta multidão sem guia terreno.
Calcinha Preta é uma atração,
sem dúvidas, mas não conseguirá jamais suplantar o andar pausado e
imponente desse povo descendo a ladeira do Morro da Glória, como um rio
de fogo, visão provocada pela velas acesas e levantadas, orgulhosamente,
há mais de 50 anos.Este para conosco é o show. É emocionante. E nem é
preciso ser católico para sentir isso.Basta ter Deus no coração,s er
tolerante com a fé alheia e acima de tudo gostar de verdade de Cruzeiro
do Sul. " [...] Glória,Glória Maria, Mãe padroeira de Cruzeiro do Sul [...]".
Postado no Blog Jurubeba Juruaense do amigo Jairo Nolasco.
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