Este é um blog de opinião. As postagens escritas ou selecionadas refletem exclusivamente a minha opinião, não sofrendo influência ou pressão de pessoas ou empresas onde trabalho ou venha a trabalhar.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Trabalhador o quê, rapaz!
Em casa, sem meu consentimento,
entra pelas fendas do mundo, a campanha política. Nos poucos instantes em que
estou em casa. Nos raros instantes em que é permitido a um trabalhador
desfrutar da família.
Tudo ainda muito calmo,
silencioso demais, preocupante demais. Esse silêncio dos políticos é muito
preocupante. Alguns falam em assombrosos (para nós) três milhões de reais para
serem despejados na campanha deste ano apenas de uma campanha para deputado
federal. Meus olhos já se assustaram com a frota de 15 veículos da campanha de
uma candidata a deputada estadual. Tem um elemento contratado apenas como
manobrista.
Quando faltar uma semana para o
pleito... imagino os esquemas que serão planejados. Calculo que Cruzeiro do Sul
jamais terá visto uma campanha mais rica e mais silenciosa... Dinheiro no meio
da perna (ou na cueca), a se recolher com vassoura no meio da rua.
Apesar de silenciosa, nos raros
momentos em que se ouve algum candidato, cantado num carro de som, o volume
baixo e a alta velocidade podem indicar várias razões: As autoridades
ambientais estão marcando em cima quanto ao volume do som; os políticos estão
com vergonha ou medo dos eleitores e por isso andam correndo; ou eles
finalmente se conscientizaram. Será? Faz-me rir... diria um amigo meu.
Algumas músicas de candidato, ou
os famosos “jingles” são algo mais falso que nota de três reais. Foi-se o tempo
em que a música tinha alguma conexão com o candidato. Lembro de algumas de
sucesso por aqui e que infelizmente também, pouco diziam da verdade: Algumas
então...
“Pedro, Pedro, Pedro, Negreiros é
seu sobrenome/ Pedro, Pedro, Pedro, ele é trabalhador, vamos votar nesse
homem”.
“Fique sossegado conterrâneo/
João Tota vem aí pra te ajudar...”
“No dia três de outubro, vou
votar na eleição/ Escolher um candidato que tenha voz e ação... Napoleão,
Napoleão...”
“Tira voto do PT que até hoje nada fez, Vote
na Zila Bezerra que é amiga de vocês”. Como é que é? Kkkkkkkkkkk.
“... que tem uma língua de
tamanduá...”
Até quando vamos continuar sendo
enganados por essas musiquinhas? Agora, o que surpreende mesmo é o descaramento
de alguns. O elemento nunca estudou, sempre viveu às custas do suor dos outros,
sempre teve tudo desde que nasceu, nunca passou necessidade, nem deu um prego
numa barra de sabão (também nunca vi sabão pregado por ai) e vem dizer que é
trabalhador.
Trabalhador o quê, rapaz! Te
enxerga animal! Fosse o pai dele eu até daria um desconto. Trabalhador é o meu
pai, o seu, o do vizinho, é você mesmo. Você é que é trabalhador. Você é que
sua, que rala desde criança, que foi à escola de kichute, de sandália havaiana
ou até descalço. Que levou seus cadernos dentro de um saco de bolacha
Papaguara, e sua merenda de farofa dentro de uma lata.
Trabalhador é você, que
economizou o pouco que tinha para comprar a primeira bicicleta. Que não ganhou
um carrão de presente de natal quando ainda nem tinha carteira de habilitação.
Trabalhador é você, escora a casa
para que ela não desabe sobre a família.
Que passa o dia subindo e
descendo ladeira empurrando carro de picolés ou de açaí.
Que se lasca, se acabrunha, perde
os cabelos e o sono, preocupado com o futuro...
Esse
sim é o verdadeiro trabalhador.
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Um comentário:
Franciney,
também partilho dessas mesmas ideias suas aí do texto!
Parbéns pelo blog e pelos textos!
Bem feitos e bem humorados!
Um forte abraço!
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