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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Reflexões...na catraia.

Ontem fui olhar o rio. Tem se arrastado barranco acima. Ora sobe, ora desce, mas tem mantido o nível de alerta. Para mim, um rio será sempre um fenômeno grandioso. Consigo ver beleza em canoas amarradas, balseiros, rebojos, transbordamentos, mas é poesia...   

Engraçado é que todo ano o assunto é o mesmo. O chefe dos bombeiros dá entrevistas sobre suas preocupações com os desabrigados, o prefeito oferece alguma escola para abrigar os dasabrigados e as damas da caridade organizam um grupo de pedintes para arrecadar alimentos.

É sempre a mesma coisa. Há anos que o rio Juruá apresenta a mesma "calamidade" e o número de mortos nas enchentes é quase zero. Há mais de um século o povo tem se virado e esperado das autoridades alguma ação efetiva para resolver seus problemas. Um deles é a falta de moradia. 

Não quero dizer mutirões. O povo não se acostuma em conjuntos habitacionais. Tais conjuntos são muito bons para quem tem emprego. Não para quem não tem uma fonte de renda segura, para quem não conseguiu diplomas, não para quem foi acostumado na agricultura. Por isso o povo tem se escorado em palafitas e escorregado em promessas.  Escorregadias também são as oportunidades...

Não pude deixar de olhar os barcos, as catraias e a ponte. O que passa pela cabeça de cada um daqueles catraieiros? Desemprego. Daqui a pouco a ponte estará concluída e quem vai querer andar de barco? 
Será quem sabe como na música "Catraia" do Sérgio Souto: 

"Pensa o pobre catraieiro
Eu trabalho o dia inteiro
A fim de ganhar a vida 
Agora vou te dizer 
O que é que eu vou fazer
Se a ponte for construída..."
    

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