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domingo, 9 de janeiro de 2011

Naquela época não havia cerol...

O sempre antenado estudante de jornalismo e blogueiro Jairo Nolasco abordou um tema mais que pertinente por esses dias de férias. Linhas de papagaio com cerol. Pois é, Jairo, quem diria que uma simples brincadeira pudesse ser tão ameaçadora, heim? Pois é...

Naquela época não havia cerol. Nossos papagaios tinham uma tecnologia simples: Duas folhas de caderno, duas talas de palha (que arrancávamos do galinheiro) e um pedaço de linha zebra roubada da máquina de costura da mãe. Uma folha seria para o corpo e outra para a rabiola rasgada em espiral. O problema é que como éramos muitos a roubar linha da bobina da máquina, o roubo de linha se tornava um grande prejuízo (pelo menos para nossa mãe).

Como os monstrengos eram desprovidos de aerodinâmica não havia vento possível que os fizesse empinar e ganhar linha (que sempre era curta pelas dificuldades já referidas). O jeito era sair correndo para fazê-lo subir as alturas (que nunca ultrapassava o telhado de nossa casa).

Mas isso já faz muito tempo e por isso mesmo, sem ressentimentos, posso afirmar e provar (por depoimentos dos meus contemporâneos) que jamais soltei um papagaio.

Hoje os papagaios mudaram o nome. Quer dizer, trocaram de nome. Naquela época pipa era papagaio e papagaio era louro, falava e nem era crime ter em casa. Para a maioria ainda é papagaio e pronto.

Pois bem, os papagaios de hoje perderam a inocência. Ensinados a confeccionar até em algumas escolas se tornaram máquinas de matar. As linhas são preparadas com cola e um pó de vidro (formando o cerol) e tem uma única finalidade – cortar e derrubar (ou torar na gíria dos vagabundos) outros papagaios. O problema é que tais papagaios derrubados levam consigo enormes pedaços de linha com cerol que podem degolar pessoas. É um absurdo. Como pode um pai permitir que seus filhos passem o dia pelas ruas empinados papagaios e armando guilhotinas? E se fosse só crianças... O maioria desses soltadores são adultos.

Meu Deus, como pode um homem se prestar a um papel desses? Vagabundos, pelas ruas, de cara pra cima, seus gestos de fazer os papagaios subirem muito se assemelha a um movimento masturbatório. Quando uma pipa cai, tais vagabundos se lançam em disparada pelas ruas para o resgate ou captura sem respeitar limites. Saltam muros, cercas, trepam em árvores, invadem propriedades, extrapolam todas as regras.

Por isso soltar pipa com cerol é crime previsto no Código Penal. O enquadramento pode se dar pelos artigos 121, 129, 163 e 132. O art. 121, por exemplo, é HOMICÍDIO. Ver mais em: Aspectos jurídicos da utilização do cerol em linhas de pipas

Pais vagabundos, irresponsáveis, que não se preocupam com a vida dos outros permitem que seus filhos possam tornar-se criminosos e assassinos.

Ainda bem que as autoridades de Cruzeiro do Sul estão preocupadas com o problema e já começaram a agir. A Polícia Militar, a 1ª Ciretran e a Delegacia de Polícia estão reprimindo a brincadeira de mal gosto. Melhor prevenir.

Já temos casos de vítimas fatais registrados em Cruzeiro do Sul causado por linha de papagaio e para quem esteja a essa altura achando bobagem, é só clicar no Cabuloso (link abaixo) e ver o que uma linha com cerol pode fazer no pescoço de uma pessoa.

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