O sempre antenado estudante
de jornalismo e blogueiro Jairo Nolasco abordou um tema mais que pertinente por
esses dias de férias. Linhas de papagaio com cerol. Pois é, Jairo, quem diria
que uma simples brincadeira pudesse ser tão ameaçadora, heim? Pois é...
Naquela
época não havia cerol. Nossos papagaios tinham uma tecnologia simples: Duas
folhas de caderno, duas talas de palha (que arrancávamos do galinheiro) e um
pedaço de linha zebra roubada da máquina de costura da mãe. Uma folha seria
para o corpo e outra para a rabiola rasgada em espiral. O problema é que como
éramos muitos a roubar linha da bobina da máquina, o roubo de linha se tornava
um grande prejuízo (pelo menos para nossa mãe).
Como
os monstrengos eram desprovidos de aerodinâmica não havia vento possível que os
fizesse empinar e ganhar linha (que sempre era curta pelas dificuldades já
referidas). O jeito era sair correndo para fazê-lo subir as alturas (que nunca
ultrapassava o telhado de nossa casa).
Mas
isso já faz muito tempo e por isso mesmo, sem ressentimentos, posso afirmar e
provar (por depoimentos dos meus contemporâneos) que jamais soltei um papagaio.
Hoje
os papagaios mudaram o nome. Quer dizer, trocaram de nome. Naquela época pipa
era papagaio e papagaio era louro, falava e nem era crime ter em casa. Para a
maioria ainda é papagaio e pronto.
Pois
bem, os papagaios de hoje perderam a inocência. Ensinados a confeccionar até em
algumas escolas se tornaram máquinas de matar. As linhas são preparadas com
cola e um pó de vidro (formando o cerol) e tem uma única finalidade – cortar e
derrubar (ou torar na gíria dos vagabundos) outros papagaios. O problema é que
tais papagaios derrubados levam consigo enormes pedaços de linha com cerol que
podem degolar pessoas. É um absurdo. Como pode um pai permitir que seus filhos
passem o dia pelas ruas empinados papagaios e armando guilhotinas? E se fosse
só crianças... O maioria desses soltadores são adultos.
Meu
Deus, como pode um homem se prestar a um papel desses? Vagabundos, pelas ruas,
de cara pra cima, seus gestos de fazer os papagaios subirem muito se assemelha
a um movimento masturbatório. Quando uma pipa cai, tais vagabundos se lançam em
disparada pelas ruas para o resgate ou captura sem respeitar limites. Saltam
muros, cercas, trepam em árvores, invadem propriedades, extrapolam todas as
regras.
Por
isso soltar pipa com cerol é crime previsto no Código Penal. O enquadramento
pode se dar pelos artigos 121, 129, 163 e 132. O art. 121, por exemplo, é
HOMICÍDIO. Ver mais em: Aspectos
jurídicos da utilização do cerol em linhas de pipas
Pais
vagabundos, irresponsáveis, que não se preocupam com a vida dos outros permitem
que seus filhos possam tornar-se criminosos e assassinos.
Ainda
bem que as autoridades de Cruzeiro do Sul estão preocupadas com o problema e já
começaram a agir. A Polícia Militar, a 1ª Ciretran e a Delegacia de Polícia
estão reprimindo a brincadeira de mal gosto. Melhor prevenir.
Já
temos casos de vítimas fatais registrados em Cruzeiro do Sul causado por linha
de papagaio e para quem esteja a essa altura achando bobagem, é só clicar no
Cabuloso (link abaixo) e ver o que uma linha com cerol pode fazer no pescoço de
uma pessoa.
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