O Poema abaixo é o texto de abertura de Quatro Colinas (2006). O escolhi por acreditar que reproduz, pelo menos em parte, os pensamentos de todos aqueles que tem obrigações diárias inadiáveis e se põem a divagar com o Igarapé Preto, uma pescaria, uma pelada qualquer(de futebol, tá?)e não tem coragem pra chutar o pau da barraca. O escrevi apenas para confessar publicamente que eu também não tenho.
Se alguém chegar a esse ponto, não me responsabilizem.
Apostasia
Quisera eu ter coragem pra dizer adeus.
Largar a foice no campo
A armadura escurecida
Coisas por fazer
Versos por compor
Lutas por vencer
E não voltar jamais.
Quisera eu olhar em teus olhos cara a cara
Sem uma lágrima solta, fugidia
E não crer em nada
Não sofrer por nada
Quisera ter a rebeldia silenciosa
De largar os sonhos
Projetos aprovados
Pegar a mochila
E não voltar jamais.
O amor não espera
A fé não compensa
Quisera afastar-me desta fé medonha
Largar as armas em riste
Inimigos a postos
E feito em louco varrido
Divulgar a paz
O amor verdadeiro, inconfundível e indecifrável.
Quisera ter a coragem de dizer te amo.
Rebelde e silencioso
Prematuro e ensandecido,
Dizer adeus sem vontade de ficar.
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