Era gente boa, meu amigo de longa data, talvez nos conhecemos há mais de 30 anos, por isso a liberdade de me pedir um voto. Descrevo mais ou menos nossa última conversa.
Apesar da liberdade veio atalhando, cercando, cheio de formalidades.
- Como tu já deve saber eu sou candidato... (eu não sabia, embora já desconfiasse pela necessidade que ele sempre demostrou em ser rico e ser aplaudido).
- Sério? (Perguntei, e juro que deveras surpreso).
- Pois é, eu andei avaliando e acho que é hora da gente assumir responsabilidades, e não ficar apenas reclamando dos políticos...(já falava com aquela entonação chata que os demagogos gostam).
- Rapaz, que bom, qual é o partido?
- Eu me filiei no... (nem lembro mais, eu juro, mas é um desses que a gente pode comprar por um contrato provisório, um aluguel de carro, um computador..., um desses bem ratuíno)
- E estão coligados com quem, qual é o lado?
- Bem, o lado não é muito importante, o importante é que o seu amigo é candidato e precisa do seu apoio.
- Qual é o lado, qual é o laaado? É muito importante saber.
- O presidente do meu partido coligou com o prefeito... mas eu não vou pedir votos pra ele não... tu sabe que eu sempre votei no Henrique... peço voto pra mim.
- Rapaz, que pena, vou torcer por você e espero que a nossa amizade sobreviva à política.
- Mas não importa o lado que o seu amigo está...Se você fosse meu amigo...
- Pois é, se você fosse meu amigo não estava daquele lado, até porque você não precisa disso.
E assim encerramos nossa amizade (?). Me arrependo pela sinceridade, mas depois que ele acordar a gente conversa.
2 comentários:
Nossa Franciney. Incisivo hein? Q bom. Diálogo muito esclarecedor de como estão levando a política, na brincadeira, no compadrio. Se um "amigo" meu viesse com uma conversa destas ia dar a ele um conselho de amigo: "amigo, se vc quer viver uma aventura, faz como eu e vai para Machu Pitchu"
E quem é o dorminhoco, cara?? Será q conheço?? Bem, pelo tempo de amizade é bem possível, rs...
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