Com certo atraso, compartilho uma tese do Professor do Departamento de História da UFAC Francisco Bento.
A tese intitulada "Acre, a pátria dos proscritos: prisões e desterros para as regiões do Acre em 1904 e 1910" (UFPR, 2010), desnuda uma parte da História do Brasil e mais especificamente do Acre nos primeiros anos após o arrebatamento de considerável território das mãos de peruanos e bolivianos.
O Acre era um lugar de degredo, para onde eram enviados os "piores e mais terríveis malfeitores" da República.
Limparam os porões dos presídios da Capital e enviaram ao Acre cerca de duas mil pessoas.
Só
por ter roubado um prato de comida em Cruzeiro do Sul, no Acre, Saul Ovídio
teve que responder a um inquérito policial em 1905. Já Lycurgo Álvaro de
Carvalho foi preso na cidade de Xapuri, em março de 1910, acusado de ter sido
coautor de um assassinato. Delphina Rodrigues da Silva, em 1913, foi arrolada
em um processo criminal como ré e pivô de uma briga de bar na vila de Santo
Antônio do Madeira, de onde o soldado José Rodrigues saiu ferido a golpes de
navalha. Francisco Pereira foi preso após ter sido baleado pela polícia por ter
“causado confusão” em uma festa alusiva ao Dia do Trabalho, em 1916, na vila de
Presidente Marques, próxima à de Santo Antônio. O comandante da polícia, réu no
processo, se defendeu acusando Francisco de criminoso contumaz e irrecuperável.
Todas
essas pessoas faziam parte de um grupo que foi expurgado do Rio de Janeiro para
as chamadas “regiões do Acre” em 1904 e 1910. Se Saul e Lycurgo faziam parte da
primeira leva, Delphina e Francisco foram expulsos na segunda. Cerca de dois
mil cidadãos foram punidos pelo governo federal da mesma maneira, por conta do
seu envolvimento nas Revoltas da Vacina (1904) e dos Marinheiros (1910), e após
a vigência dos estados de sítio que foram decretados depois dessas rebeliões.
Todos foram desterrados como criminosos políticos, e não como condenados pela
Justiça.
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Um comentário:
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