Diz a sabedoria popular que
casamentos por interesse, e não por amor, costumam ter dois dias felizes: o da
cerimônia e o do divórcio. Passada a festa começam a aparecer os problemas em
escala crescente.
No "casamento"
político de fachada entre Marina Silva e o PSB de Eduardo Campos, com o
divórcio já anunciado para depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
oficializar a criação do partido Rede Sustentabilidade, já começam a aparecer
as divergências.
Nas redes sociais nota-se o
sentimento de decepção da grande maioria dos "sonháticos". Outros,
ainda mal informados, acreditam que Marina Silva entrou no PSB para continuar
candidata a presidente, ignorando que o partido já tem dono e candidatura
própria. E uma minoria, de entusiastas da candidatura da ex-senadora, já faz
uma guerrilha virtual para impor o nome de Marina na cabeça da chapa,
defenestrando o projeto político de Eduardo Campos.
Alguns marineiros não perderam
tempo. No próprio sábado (5) – dia da festança de casamento –, antes mesmo de, digamos, partir o bolo,
começaram a disparar panfletos virtuais, iniciando uma campanha viral com a
mensagem: "Entre nessa campanha você também. Não quero Eduardo Campos,
quero Marina Silva. Curta e Compartilhe!".
Nas recentes pesquisas
eleitorais, Marina Silva aparece com até seis vezes mais intenções de votos do
que Campos, dependendo do cenário simulado. Se esse quadro persistir por mais
alguns meses (e há grande probabilidade de que persista), as pressões para
Marina encabeçar a chapa devem crescer, complicando a vida de Campos – o que
pode provocar sérias discussões domésticas sobre a relação.
Opiniões que alimentam essa
desconfiança não faltam. Por exemplo, o ex-candidato à Presidência da República
pelo Psol Plínio de Arruda Sampaio disse em alto e bom som: "Se Eduardo
não se cuidar, a Marina passa a perna nele. Ela é muito esperta e pode tirar a
candidatura dele. A Marina é carreirista."
O jornalista Paulo Moreira
Leite, da revista IstoÉ, já especula o deslocamento de Eduardo Campos para uma
candidatura ao Senado por Pernambuco, cedendo a candidatura presidencial para
Marina Silva, como uma saída honrosa para Campos, caso não decole, sem se
queimar entre seus seguidores.
É uma lógica política meio
enviesada, mas obedece à mesma lógica de conveniência da entrada de Marina no
PSB, caso Campos se sentir que sairá menor do que entrou no processo eleitoral,
se queimando para o futuro.
Só não obedece à lógica da
confiança do eleitor, diante de tanto malabarismo por ambições políticas
pessoais, em detrimento dos interesses coletivos da população, e pior ainda,
contrariando toda a pregação de Marina contra a "velha política", que
antecedeu o casório.
Blog da Helena em Rede Brasil Atual
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