Este é um blog de opinião. As postagens escritas ou selecionadas refletem exclusivamente a minha opinião, não sofrendo influência ou pressão de pessoas ou empresas onde trabalho ou venha a trabalhar.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Panis et Circenses

Ainda falta o Réveillon, mas já deu para sentir o ferrão da politicagem (ou politiquice, politicanalhice?).

No dia 24, véspera de Natal, fui impelido a visitar o Papai Noel de Cruzeiro do Sul.
Pela janela da casinha, rapidamente, pude enxergar o mercenário. Em tempo: mercenário em qualquer dicionário quer dizer – aquele que se vende. Alguém acredita que aquele Papai Noel estava ali de graça?

Deu um tremendo trabalho, mas consegui afastar os meus filhos de perto daquele circo. Expliquei a eles que Papai Noel é um personagem igual à Cuca, ao Pato Donald, ao Pica-Pau e que se deixássemos a porta aberta e colocássemos o sapato embaixo das camas ele apareceria lá por casa também.

Não poderia permitir que meus filhos fossem usados para a conivência de uma infâmia. Para aplaudir velhas práticas políticas.


Para os que me consideram desajustado e anti-social, recorro à História para comparar o que vi, tenho visto e verei ainda por um bom tempo, à velha política dos “democratas” romanos. É o “Panis et Circences”.

Durante o Império Romano, os imperadores organizavam as lutas de gladiadores, corridas e encenações para desviar a atenção da população que habitava os domínios romanos.


Aqui, são as festas na praça, o Papai Noel, o Aniversário da Cidade... Várias são as interpretações – além desta – para explicar o fascínio que os romanos de 2000 anos atrás e os cruzeirenses sentem por esses espetáculos sangrentos: Sangrentos sim, porque explorar a miséria, a meu ver, é o mesmo que patrocinar um massacre de cristãos no Coliseu.

A oportunidade de poder estar "cara-a-cara" com o imperador, o castigo dos criminosos, - que servia de exemplo, a ostentação do poderio romano - através da exibição de animais e escravos trazidos de lugares distantes(entenda animais mesmo, não me refiro ao casal Noel).

É a chamada "política do pão e circo" (panis et circenses). Por essa política, busca-se promover os espetáculos, mesmo aqueles mais “inocentes”, como um Papai Noel, um evento esportivo, surgem  como um mecanismo de dominação. Uma forma de manter os "plebeus" afastados da política e das questões sociais.

Era e é, afinal, uma maneira de manipular o povo e mantê-la distante das decisões governamentais. Pão e circo, os governantes encarregam-se ao mesmo tempo de alimentar o povo e de distraí-lo.

Enquanto os pais embevecidos e abestalhados ainda conduziam seus filhos para um afago do bom velhinho, a Câmara de Vereadores de Cruzeiro do Sul aprovava um aumento na tarifa de Iluminação Pública. Alguém acha que toda aquela iluminação saiu de graça?

Em Roma, havia distribuição mensal de pães no Pórtico de Minucius, que assegurava o pão cotidiano. Aqui, há presentes na praça, grupos musicais, fogos de artifício.

Os espetáculos foram a grande diversão para a desocupação dos desempregados romanos. As festas na praça são um instrumento seguro do absolutismo, paternalismo e assistencialismo para os desesperançados de hoje.

Os espetáculos romanos inicialmente tinham uma origem religiosa, mas com o tempo o povo deixou de ver esse lado e os espetáculos passaram a saciar apenas os prazeres de quem os organizava. Foi o que ocorreu, por exemplo, no Aniversário da Cidade, politizado ao extremo e boicotado pela maioria das escolas.

Para o imperador o contato com o público era importante, pois ali o público o aplaudia com veemência e esquecia momentaneamente os reais problemas da urbe.

Durante os espetáculos circenses, o imperador romano para demonstrar sua benignidade e popularidade segurava uma criança plebéia nos braços e estava feita a trama.

Se você conseguiu encontrar alguma relação com os espetáculos de hoje é porque estamos vivendo a mais eficiente política do pão e circo.

4 comentários:

Izau Melo † disse...

Excelente texto, não poderia deixar de postar o meu também aqui!

Um feliz dezembro é o que eu desejo a todos

Tenho minhas próprias impressões a cerca desde que é a época mais cínica do ano

Não comemoro o natal, para tanto não desejarei um feliz natal

Estou farto desse modismo de participar de um ritual que as pessoas não compreendem

Lembrar de um velho escroto que supostamente mora no pólo norte, que no mínimo é um demônio ou um vampiro pra ser imortal, (talvez Sthefanie meyer fale dele depois)

Todo mundo finge ser bonzinho, mais compreensível, uma falsa trégua entre vizinhos...

Um mês que as críticas se tornam elogios, e as dívidas e intrigas recebem um cartão de trégua com vencimento até o dia 31/12

Não quero árvores artificiais que não nascem no meu quintal.

Não vou por uma bota na porta, não sou sapateiro

Não gosto de estrelas de cartolinas furada com uma lâmpada dentro.

Políticos que se esquecem dos seus eleitores e empresários que massacram os consumidores durante todo o ano com preços exorbitantes, essa época do ano colocam mensagens natalinas na rádio, as mesmas de todos os anos, fúteis, falsas, com uma pitada de sarcamos até...

Os sacolões e os panetones às vezes aparecem gratuitamente, como se os pobres só comessem nesta data hipócrita

Falam do nascimento de Jesus, mas ele fica em 4ª plano, primeiro o noel, segundo os presentes, terceiro a ceia e em quarto lugar um presépio chula...

O natal é uma data meramente comercial, onde você é estimulado a comprar e sentir um peso se alguns dos entes queridos não puderam ganhar presentes

Crianças compreendam, sendo bonzinho ou não seus presentes só virão se seus pais puderem comprar

Papai noel não vai às casas dos pobres porque não tem lareira

E provavelmente não virá no Brasil porque o nosso tráfego aéreo é um caos

Comemorem da forma que quiserem os seus natais

Eu continuarei aqui, com minhas crenças e olhos arregalados para uma realidade que a infância adulterada me presenteou

Sem ofensas papai noel, mas passe longe da minha casa se não eu te apago com uma escopeta de cano duplo e de grosso calibre.

Queria uma coisa bonita pra escrever hoje, mas não vou conseguir, porque o senso natalino não se apossou de mim

Toquem as músicas de sempre e rodem os mesmos filmes temáticos que contam histórias de natais impossíveis que eu vou comemorar a minha maneira, como um peru ou um chester comemoram

Feliz dezembro... é o que penso...

Izau Melo † disse...

Excelente texto, não poderia deixar de postar o meu também aqui!

Um feliz dezembro é o que eu desejo a todos

Tenho minhas próprias impressões a cerca desde que é a época mais cínica do ano

Não comemoro o natal, para tanto não desejarei um feliz natal

Estou farto desse modismo de participar de um ritual que as pessoas não compreendem

Lembrar de um velho escroto que supostamente mora no pólo norte, que no mínimo é um demônio ou um vampiro pra ser imortal, (talvez Sthefanie meyer fale dele depois)

Todo mundo finge ser bonzinho, mais compreensível, uma falsa trégua entre vizinhos...

Um mês que as críticas se tornam elogios, e as dívidas e intrigas recebem um cartão de trégua com vencimento até o dia 31/12

Não quero árvores artificiais que não nascem no meu quintal.

Não vou por uma bota na porta, não sou sapateiro

Não gosto de estrelas de cartolinas furada com uma lâmpada dentro.

Políticos que se esquecem dos seus eleitores e empresários que massacram os consumidores durante todo o ano com preços exorbitantes, essa época do ano colocam mensagens natalinas na rádio, as mesmas de todos os anos, fúteis, falsas, com uma pitada de sarcamos até...

Os sacolões e os panetones às vezes aparecem gratuitamente, como se os pobres só comessem nesta data hipócrita

Falam do nascimento de Jesus, mas ele fica em 4ª plano, primeiro o noel, segundo os presentes, terceiro a ceia e em quarto lugar um presépio chula...

O natal é uma data meramente comercial, onde você é estimulado a comprar e sentir um peso se alguns dos entes queridos não puderam ganhar presentes

Crianças compreendam, sendo bonzinho ou não seus presentes só virão se seus pais puderem comprar

Papai noel não vai às casas dos pobres porque não tem lareira

E provavelmente não virá no Brasil porque o nosso tráfego aéreo é um caos

Comemorem da forma que quiserem os seus natais

Eu continuarei aqui, com minhas crenças e olhos arregalados para uma realidade que a infância adulterada me presenteou

Sem ofensas papai noel, mas passe longe da minha casa se não eu te apago com uma escopeta de cano duplo e de grosso calibre.

Queria uma coisa bonita pra escrever hoje, mas não vou conseguir, porque o senso natalino não se apossou de mim

Toquem as músicas de sempre e rodem os mesmos filmes temáticos que contam histórias de natais impossíveis que eu vou comemorar a minha maneira, como um peru ou um chester comemoram

Feliz dezembro... é o que penso...

Terra Náuas disse...

Caro amigo. Panis et circenses diz muito, senão tudo em politica. Mas é o tipo de coisa que se retroalimenta. Ou seja, quem está no poder (seja politico ou economico) oferece pão e circo e o povo continua pedindo o mesmo: pão e circo. Em nivel global é Mac Donalds e Big Brother! Só educação de verdade, e de qualidade é capaz de reverter este circulo vicioso.

ABS
Leandro

Terra Náuas disse...

Oi amigo!
Sobre o Irmão José, me interessa sim, conhecer a sua historia para quem sabe, fazer um documentario sobre o assunto. Como jornalista, aprendi que as informações precisas são importantes, mas para um trabalho como este também é importante o lado subjetivo, ou seja, em alguns momentos, o que as pessoas pensam e sentem a respeito de Irmão José, é mais importante que o personagem historico de carne e osso. Não se pode menosprezar o valor da subjetividade popular, pois são os sonhos que dão forma ao mundo!
Aguardo sua correspondencia sobre o assunto.

ABS
Leandro