Tocava o sino na torre
E sabíamos o exato da hora
O exato amanhecer.
O dia esperava o sino tocar
Para nascer ou morrer.
As mãos esperavam tocar meio-dia
Estendidas a pedir a bênção
A quem tivesse autoridade.
Os que tinham almoço
Esperavam tocar meio-dia
Pra começar a comer.
Tocava o sino na torre
Tocado no automatismo
Dos passos quase inaudíveis
De sineiro fantasma.
Tocava o sino na tarde
Ecoando nas colinas
Após tocar decorado
No exato entardecer
A ave-maria.
Tocava um sino na torre
Tocado por penitente.
Se alguém, tocado por braço forte,
Perdia maior batalha
Era sino diferente.
Preguiçoso e melancólico
Ditando o exato da hora
No exato desapego
Tocava o sino na torre
Ecoando na saudade.
(Quatro Colinas, pág 37)
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