O USO DO
ÁLCOOL COMO PROBLEMÁTICA SOCIAL
O Alcoolismo
é um problema de dimensões muito sérias na nossa sociedade e no mundo atual, e
um dos fatores agravantes, que contribuem para o seu desenvolvimento é a extrema tolerância (quase incentivo) com
que é tratado.
O uso do
álcool é visto como fazendo parte da nossa cultura, sendo a permissividade ao
seu uso extrema. É considerado normal uma pessoa beber com certa freqüência e
até mesmo se embriagar em ocasiões especiais (festas, comemorações, shows,
etc.).
Estima-se que no Brasil, as pessoas que tem
problemas com drogas (da maconha ao LSD) somam somente 0,1% da população e com
o álcool a dependência atingiria 10% dos brasileiros.
Há uma
relação direta do consumo de bebidas alcóolicas com diversas doenças, o número de acidentes de
trânsito e de trabalho, a diminuição da produtividade em empresas, a violência
(taxa de homicídios, suicídios, agressões, infrações).
As políticas
públicas sempre voltaram-se para a repressão ao uso das drogas, porém em
relação ao álcool se observa uma tolerância, sendo comum a venda de bebidas
alcóolicas à menores. Em contrapartida,
muito pouco se faz no campo da prevenção, através da educação para a saúde.
Infelizmente,
as drogas lícitas, em particular o álcool e o tabaco foram, através da publicidade, elevadas à condição
de promotoras de sucesso, poder e bom gosto. A mídia tem um papel preponderante
neste fenômeno, já que "vendem" sucesso, conquista, felicidade,
ligados a condutas de ingestão de álcool ou cigarro.
O abuso de
álcool pode ser considerado como o problema número um de saúde pública entre
jovens. O governo, em suas campanhas, deixa claro os perigos da maconha e da
cocaína e ignora o álcool. Um dos
fatores importantes que levam a esta situação é o fato de que os adolescentes
sabem que não vão ter overdose e existe a comodidade de que a bebida é legalizada
e de preço relativamente acessível. Também o ato de beber é visto pelos jovens
como sendo um comportamento adulto, o que vêm a incentivar os adolescentes ao
uso do álcool como forma de auto-afirmação.
Certos números demonstram o alcance de tal
problemática:
- hoje, no
Brasil, se produz mais de 20.000 marcas de aguardente;
- em 1999,
foram consumidos mais de 1.500.000 litros de bebidas alcoólicas;
- 90% da
população do Brasil faz uso de bebidas alcóolicas de forma ocasional
- 30% dos
que bebem apresentam abusos e problemas com o consumo
- 10% criam
dependência, que chamamos alcoolismo ( Carazzai, 2000)
- pesquisa
do centro brasileiro de informações sobre drogas psicotrópicas (CEBRID) mostra
que 70,4% dos estudantes de 1º e 2º graus da rede estadual da cidade de São
Paulo começam a beber por conta própria entre 10 e 12 anos.
- em
pesquisa feita em Porto
Alegre – a idade do primeiro gole é 10 anos e do primeiro
porre, 13 anos.
Esta
permissividade em relação ao uso do álcool reflete em outra grande problemática
da nossa sociedade atual : o Trânsito. Em geral, as pessoas não consideram as
alterações no desempenho no trânsito
trazidas pelo álcool como importantes, e não são poucas as tristes histórias de
mortes de jovens vítimas da inconsciência e da falta de informação.
Os efeitos
do álcool no trânsito podem ser devastadores, sendo que o álcool produz no
indivíduo as seguintes alterações quanto às capacidades e pré-requisitos à
condução segura:
1. Sob a
ação de bebidas alcóolicas, ainda que em doses insuficientes para prejudicar a
motricidade, os condutores se sentem corajosos, ousam mais, não consideram os
riscos e têm dificuldade para considerar as possíveis conseqüências dos seus
atos. podemos dizer que a percepção de risco fica comprometida.
2. Também a
possibilidade de avaliar as suas próprias condições para a direção veicular se
torna inexistente, desta forma, o indivíduo que se alcooliza relata ficar mais
esperto depois de algumas doses.
3. O álcool
inibe as funções do córtex cerebral inicialmente, produzindo no condutor
um cansaço maior do que o habitual,
provocando sonolência e fadiga muscular e sensorial.
4. Pelo uso
do álcool as funções sensoriais se tornam lentificadas, como o tempo de reação,
julgamento, decisão, etc. Também a visão apresenta alterações, ficando o
indivíduo comprometido quanto à avaliação das distâncias e velocidade.
5. Na pessoa
que se encontra alcoolizada, a atenção concentrada a um único objeto produz
sonolência, e no trânsito, em geral,
olhamos de forma fixa na mesma direção, outro grande risco para a
direção segura.
6. No
condutor alcoolizado pode haver uma importante falta de coordenação motora,
transtornos de equilíbrio, diminuição do rendimento muscular e diminuição do
controle dos movimentos.
E então, que
cuidados devemos tomar no Trânsito?
• Não há
porque tomar café forte ou amargo, leite, banho frio, dar caminhadas ou “tomar
ar”. A pessoa fica mais ativa, mas tão
bêbada quanto antes. A eliminação ocorre de forma natural e é lenta, podendo
levar de 06 a
08 horas.
• Nunca
aceite carona de alguém alcoolizado
• Ofereça-se
para dirigir se alguém que conhece não se encontrar em condições
• Tente
impedir alguém embriagado de dirigir
• Nunca
insista para que alguém tome mais um drinque
• Se for
sair e souber que vai beber – vá de táxi
• Combine
com os amigos quem será o “motorista da
vez”
Devemos, como sociedade, encarar a
problemática do álcool de acordo com a ótica do problema social, de saúde
pública, que é a real dimensão do uso do mesmo em nosso país. E a possibilidade de resolução
está em cada um de nós, numa mudança de mentalidade, de busca de transformação
desta realidade séria e preocupante que hoje se apresenta mascarada na forma da
permissividade e tolerância.
"Seria
bom que a embriaguez fosse encarada como algo grotesco. Não associá-la a
alegria e diversão faria muita diferença. Continuamos achando que ficar bêbado
numa festa é divertido" (Vaillant, 1999)
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