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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

“Chegará o tempo em que o homem terá vergonha de ser honesto”.


Está em todos os jornais da região: A Polícia Federal apreendeu 103 quilos de pasta base de cocaína que estava sendo transportada numa balsa com destino à Manaus.

Essa é nova, heim? Até de balsa?

Já estamos acostumados com notícias assim, é 50, 70, 100, 0,5 toneladas.

Já estamos acostumados a ver um simples ambulante, vendedor de picolés, por exemplo, virar empresário da noite para o dia e esbanjar dinheiro.

E estamos acostumados também e ver comerciantes não passarem do “calçado velho”, a ver pessoas se aposentando e não terem ido um pouco além da dignidade.

Exemplos não faltam, cito apenas (e deixo subentendido), o caso de um vendedor de botões e cadernos do antigo mercado público que continua pobre. O referido cidadão paga imposto (e pagará mais quando voltar ao mercado), faz tudo o que é correto, lícito, e não passa daquilo, vive bem, mas não é rico e mora há mais de 30 anos na mesma casa. 
 
Por isso, quando alguém fala dos “traficantes de Cruzeiro do Sul”, pessoas como ele não devem se sentir ofendidas, pois sabe que as pessoas falam nos “traficantes de Cruzeiro do Sul”, não na “população de Cruzeiro do Sul”.

Um dos jornais cita o valor do lucro que os caras teriam. R$300.000,00 numa única venda... Meu Deus! É dinheiro demais até para quem é rico(penso eu). Como e com quem é que se arruma R$100.000,00 assim de uma hora para? Será que os bancos financiam esse tipo de negócio? Dificilmente.

Fiz algumas contas e fiquei chocado.

Sabe quantos anos um policial levaria para ganhar essa quantia? 16,5 anos arriscando a vida, trocando a noite pelo dia. Dezesseis anos e meio...

E um professor da rede municipal? 23 anos de trabalho, dizendo aos alunos que o crime não compensa, que o mundo da droga não tem volta, que o cidadão deve viver do seu trabalho... Vinte e três anos... 

E um aposentado do INSS? Nem queira saber. Cinqüenta anos...

Isso não é justo, não pode ser justo. Talvez tenhamos chegado à previsão de Rui Barbosa: “Chegará o tempo em que o homem terá vergonha de ser honesto”.

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