Esqueça tudo o que você aprendeu (ou acha que aprendeu) na escola sobre "Abolição da Escravidão" no Brasil.
Talvez você tenha faltado as aulas de História e não recorde. Vamos lá:
Oficialmente o evento ocorreu no dia 13 de maio de 1888 quando a Princesa Isabel D'Eu (29.07.1846 - 14.11.1921. Chamava-se Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon D'Eu) num ato de extrema humanidade assinou a Lei Áurea que libertava os escravos no Brasil.
Até aí tudo bem, certo? Em parte, ou certíssimo, porém incompleto e positivista demais para o meu gosto.
Falta dizer que a Inglaterra via nos negros um mercado consumidor inativo que seria aquecido apenas com o trabalho assalariado e exigiu o fim do sistema.
Que a abolição motivou a República e que esta não contemplou seus filhos da forma que prometia.
Que o Brasil foi a última nação ocidental a abolir o trabalho escravo.
Que a Princesa Isabel "apenas"(não é pouco) sancionou a Lei e que o projeto de lei apesar de ser de autoria do executivo (Império) esta já fora aprovada na Câmara Geral (câmara de Deputados) em 10.05.1888 e no Senado Imperial em 13.05.1888.
Numa data como a de hoje, se faz necessário ver nas entrelinhas e desconstruir lendas.
A história oficial sempre nos fez crer que a assinatura da Lei Áurea ocorreu sem o conhecimento do Imperador Dom Pedro II. Será? Tenho razões suficientemente fortes para calcular que o imperador há tempos já era adepto da causa abolicionista e só não tinha tomado uma decisão mais incisiva por uma lealdade aos seus apoiadores que tinham nos negros "os braços e as mãos" da economia. Além disso, manter a escravidão era desagradar ao Papa Leão XIII, o chefe da Igreja Católica.
Mas, e os escravos libertos, como reagiram à (real e documentada) Lei Áurea?
Atônitos, sem rumo, excluídos do sistema produtivo, sem terra e dono.
Despreparados para a própria liberdade, foram povoar favelas, mendigar, perambular pelas estradas.
Outros, menos de 10 anos depois, estavam em Canudos ao lado do Conselheiro.
A maioria, 123 anos depois da sanção da lei, ainda não tomou conhecimento dos dois artigos que extinguiam, pelo menos em tese, com os quase 300 anos de vergonha nacional - a escravidão.
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