Inicio este
post advertindo sobre possíveis(certos) desvios de imparcialidade. Se você não
suporta pessoas tendenciosas e parciais ficará me olhando de forma atravessada,
mas, sinceramente, você consegue ser imparcial no amor, nas emoções, no orgulho
familiar?
Meu domingo
estava quase perdido. Tinha acordado tarde, não tinha ido à igreja e o Vasco
tinha goleado o Botafogo. E pior, dali a pouco seria segunda-feira e para mim,
nada mais ameaçador e deprimente que uma segunda-feira.
Mas ainda
tinha uma possibilidade de dar um pouco de dignidade ao segundo melhor dia da
semana.
No Teatro
dos Náuas, às 20:00, começaria mais um Show do Véio Zuza. Seria a estréia do
Programa "É Show de Alegria" na TV. Para quem não sabia, Véio Zuza é
um personagem criado e interpretado por meu irmão Jorge Luiz.
Fui e diante
da visão de centenas de veículos já estacionados nas proximidades do Teatro
percebi que o Véio Zuza, tinha acertado mais uma.
Ainda
falarei sobre o show, mas registro aqui o espanto de nossa mãe ao ver o Teatro
dos Náuas lotado e a tentativa de retardatários em conseguir um lugar.
Para quem convive
com o artista quase que diariamente, principalmente nos fins de tarde quando nos
reunimos para tomar o café que Seu Chico Cário (o pai) prepara, para quem já acompanha
a caminhada do Véio Zuza há quase dez anos é muito difícil ser surpreendido. Mas
a surpresa faz parte do show e foi o que ganhamos – boas surpresas, um show de
interpretação e muitas gargalhadas.
Estive em vários
shows do Zuza (ele faz questão e fica magoado quando não vamos), é ótimo se misturar
à platéia e ouvir bons comentários, ver as pessoas alegres.
Dá um
orgulho danado ver o sucesso dos amigos e sendo irmão, aí é que a gente fica
igual “cururú no sal”, todo inchado... da mesma forma que dá vontade de brigar
quando alguém fala alguma besteira. Olhas só essa: Um dia desses uma senhora
querendo ser super sincera me disse: “Me desculpe, mas aquele seu irmão só fala
besteira!” Falou o que não devia, ouviu um desaforo: “Pois é, vai ver que o
problema é com a senhora que já morreu e esqueceram de enterrar”.
Muito se tem
falado que Cruzeiro do Sul é a cidade do “já teve” e em quase tudo há que se
concordar. Mas é preciso lembrar também que nossos talentos estão por aí,
muitas vezes esperando um estímulo ou um pouco de coragem. O Jorge Luiz é hoje
um artista consagrado em Cruzeiro do Sul e reconhecido nacionalmente porque
teve a ousadia e o entusiasmo dos vencedores, mas acima de tudo, o apoio
familiar.
Nacionalmente
é exagero? Cuidado com o que vai falar (não esqueça a historinha acima). Saiu
de Cruzeiro do Sul e foi se apresentar em nada menos que no Show do Tom da Rede
Record em São Paulo. Foi lá e fez bonito para milhões
de pessoas tendo sido já reprisado para outros tanto milhões.
Temos que
parar de ficar lamentando falta de apoio, de investimento. A cidade do “já teve”?
que nada, Cruzeiro tem um dos melhores(se não o melhor) humoristas do Acre. O
show foi de uma qualidade e organização impressionantes, graças à capacidade de
organização e responsabilidade dos jovens radialistas Rafael Gomes e Daiana Maia. Graças
também à escolha dos artistas convidados. Detalhe: Pessoas simples, talentosas,
da região, que não vivem se lamentando pela falta de sorte ou de apoio.
Ontem,
enquanto ele contava suas marmotas e recebia seus convidados, me veio a idéia
de escrever a biografia do Véio Zuza. A partir de hoje ela será pensada. Gosto
de imaginar que é um cearense daqueles “soldados da borracha” que dança no
Magid e é perseguido pelas “quengas” querendo “biscorar” o dinheiro da sua aposentadoria.
É um
espantanho (no bom sentido, lógico!) montado a partir de vários retalhos. O caminhar
é inspiração mazzaropiana está claro, mas a voz, o improviso, a “fuleiragem” e
a ousadia, são heranças genéticas.
Até por ser
um velho já, perto de oitenta anos, não tem idade para desencarnar e pelo que
vejo, a depender da disposição, da saúde e dos últimos exames (como o de ontem
no Teatro dos Náuas) ele irá longe.
Onde mora?
Em qualquer lugar longe do Lar dos Vicentinos (porque os velhinhos dormem cedo
e ele seria expulso na primeira semana).
A criatura
tem muito (e nem poderia ser diferente) do seu criador. Talvez daí a explicação
para tanto sucesso. Zuza é um daqueles vovozinhos super legais, antenados com a
modernidade, livres do preconceito, que não está nem aí para reumatismo muito
menos para a “megera da foice”. Apesar dessa modernidade, não abre mão das suas
boas histórias, dos seus “aconticidos”. Nesse
ponto, criador e criatura se confundem: A modernidade do sucesso que o cerca não
o afastou dos amigos, da família nem da atividade profissional.
O criador do
Véio, é na verdade, fora do palco, em casa, o sétimo filho de Maria das Graças
de Almeida e Francisco Coelho da Rocha, meu irmão, com muito orgulho. Ou durante o expediente de
segunda a sexta e nos plantões, o Jorge Luiz de Almeida Rocha, Auxiliar Judiciário
da 2ª Vara Cível da Comarca de Cruzeiro do Sul.
2 comentários:
Bommm.... muito bommm.... E nossa família cada vez surpreendendo mais e de forma positiva...
Amei...esse véio Zuza cada vez mais tornando-se popular. Bacana mesmo.Só tem artista nessa grande familia.
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