(dedicado ao amigo Jairo Nolasco)
Por uma dessas armadilhas do
destino o candidato daquele chefe de uma repartição pública desceu na balsa, e descendo,
a corda que o segurava e vários outros aduladores aos seus bagos rompeu-se.
Rei morto, rei posto e o novo
chefe, mesmo sem ter sido sequer coroinha de Maquiavel resolveu perseguir os
antigos quase eternos donos da repartição. Para demitir não, não tinha poder
para tanto, mas para perseguir, dar uma boa prensa, isso daria. Rapidamente,
numa segunda feira, desceu a caneta distribuindo transferências e cassando
gratificações.
Do maior ao menor fez valer sua autoridade
de ter escolhido o candidato certo, o candidato vencedor.
Antes de assumir já trabalhara
na inteligência e na espionagem do setor para saber a preferência política dos
indivíduos com quem iria lidar.
Pela manhã, a nova secretária foi
chamando um a um os antigos chefes de setor e quando saíam da sala do novo
chefe geral as notícias sobre o novo modus vivendi implantado ali a partir
daquele dia iam arrepiando todos. Um ditador, um lobo em pele de leão, um FDP
da pior qualidade era o que era, ah cabra fresco!
Nisso ele chama o garagista. O
indivíduo era um faz tudo. Garagista porque vivia por ali, mas era de tudo um
pouco. O mais de tudo mesmo era na mecânica geral.
Embaixo de um carro, lambuzado
de graxa, já sabendo da miséria que acometia a todos por ali, do jeito que se
encontrava entrou na sala do cidadão, que surpreendentemente mandou que
sentasse num sofá novinho que dava até pena.
O chefe perguntou o que fazia
por ali, quanto ganhava, se gostava do serviço, se tinha família.
Tinha mulher e dois filhos,
apesar de ganhar pouco gostava do serviço, mas como não era empregado mesmo,
não tinha nada assinado, era só dizer que não o queria mais por ali que já estava
de saída.
O chefe explicou que como forma
de reconhecimento pelos relevantes serviços iria transforma-lo em funcionário
da repartição mesmo sem concurso, bastando apenas uma ligação para o seu
padrinho político. Já tinha decidido, resolveria o problema de salário
botando-lhe uma “FC”. Encerrou a audiência recomendando que trouxesse o quanto antes
a fotocópia dos documentos para enviá-lo à capital para iniciar um treinamento.
O garagista não demonstrou
nenhum gesto de satisfação, apenas saiu e encaminhou-se à garagem.
Nisso passa um companheiro e ao vê-lo
arrumando as poucas coisas que tinha por ali, já se despedindo, perguntou:
_ E aí, como foi a conversa com o
Hitler, ele te mandou embora, foi?
_ Não, mas eu vou, eu não fico
aqui é nem amarrado, era só o que me faltava, o cara diz que vai te ajudar e
quer é te f.d.r, e logo eu que nunca briguei nem na escola...
_ Sim, mas o que ele queria mesmo?
_ Disse que ia me colocar
naquele tal de “UFC”, eu tenho é nojo daquilo, tu já prestou a atenção naquela porra? é um cara morrendo todo ensanguentado e o outro terminando de matar! Esconjuro! Fui!!!
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