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terça-feira, 21 de junho de 2011

A origem da palavra “Sincero” e o negócio de lavagem de moto com cera na Baixa da Colina

Outro dia, ao passar por uma rua no bairro Baixa da Colina, avistei um anúncio que me atiçou a curiosidade. À saída dessa rua estava uma pequena placa com os dizeres: LAVA-SE MOTO COM CERA – R$ 5,00.

No primeiro momento, devo admitir, o que mais me chamou a atenção foi o preço, aliás, barato do serviço, mas como não tenho moto nem sei pilotar, direcionei meu raciocínio para outras abstrações, especificamente para a expressão “com cera”, associada à idéia de como a cultura, a linguagem e os conceitos se modificam, se deturpam ou se corroem com o tempo.

Logo passou pela minha cabeça a origem da palavra “sincero”, e da situação depreendi então o seguinte: dependendo do tempo e das palavras, a propaganda pode ou não pode ser a alma do negócio.

Mas o que a origem da palavra “sincero” tem a ver com a lavagem de moto com cera e suas implicações no tempo?
Ora! Vamos às explicações:
Várias são as versões sobre a origem da palavra “sincero”. Apesar de ser considerada por alguns como conto da carochinha, a história dessa origem, dita por alguns como fantasiosa, lendária, ainda é interessante.
Como disse Malba Tahan, “Sincero vem do velho, do velhíssimo latim... E eis a poética viagem que fez “sincero” de Roma até aqui:”
"Sincero" deriva da expressão latina “sine cera”, que significa “sem cera”, literalmente.
A expressão “sine cera” tornou-se generalizada durante o auge da arte romana, quando as esculturas se tornaram pela primeira vez um meio de expressão artística popular.
Quando a escultura tinha uma falha, escultores desonestos ocultavam com cera as microfissuras de suas estátuas de mármore. A cera era usada para servir como disfarce, mascarando imperfeições no que parecia ser cerâmica barata. Na hora, o comprador não percebia as falhas. Mas depois de um tempo as imperfeições vinham à tona, e se descobria que era uma escultura "cum cera". Uma peça indiscutivelmente perfeita ou de qualidade deveria ser, portanto, "sine cera".
Sabedores dessa fraude, os escultores honestos faziam questão de ressaltar que suas estátuas eram "sine cera", ou seja, verdadeiras, autênticas, honestas. Alguns chegavam a carimbar suas peças com a frase "sine cera" como prova de autenticidade. Os romanos ludibriados aprenderam então a escolher as estátuas e a exigir dos vendedores: “Sine cera!”
A expressão chegou até nós como "sincera", derivando daí “sincero”. Da antiga cerâmica romana, o vocábulo passou a ter um significado muito mais elevado. Sincero é aquele que é franco, leal, verdadeiro que não oculta, que não usa disfarces, malícia ou dissimulações.”
Infelizmente, porém, não há muitas – ou mesmo nenhuma – provas de que a versão acima seja a verdadeira.
Independentemente de sua precisão histórica, a mensagem gerada pela expressão "sine cera" continua a ser uma boa história. "Sine cera" exemplifica o ideal, a perfeição na honestidade, a virtude de falar a verdade.
E a propósito disso, voltamos agora ao início do raciocínio: se fizermos, grosso modo, uma comparação deste caso com a lavagem de moto com cera na Baixa da Colina, o dono do negócio de lavagem, se morasse na Roma Antiga, teria feito do seu negócio um fiasco com tal propaganda.
Mas como ele mora no Acre atual... Que esta pequena fábula nos sirva pelo menos de lição, pois o tempo constrói, destrói e reconstrói tudo – ou quase tudo –, e daí vêm as verdades!
Fonte: O texto foi pescado no blog http://assimfalouwallace.blogspot.com/.

Um comentário:

Luciane Moraes disse...

Muito bom esse texto. Vivendo e aprendendo!

Olá Franciney! Gostei do seu blog* Muito bom!

Ah! Obrigada, é sempre um grande prazer ter amigos acreanos no meu blog.

Um bom dia pra você!

Abraços,
Lu