Ontem, ao acessar um famigerado jornal da capital
(como eles gostam de ser chamados e que publica qualquer coisa desde que o
elemento pague), tomei um susto.
Minha perplexidade foi ver estampado numa foto,
como quem conduz um andor durante uma procissão, ou um herói do esporte diante
de um feito inesperado, os índios de uma aldeia próxima a Cruzeiro do Sul,
carregando nos braços um cidadão que há poucos anos (poucos mesmo) atacava
inpiedosamente a política ambiental do
Governo da Floresta, com "menção honrrosa" à Senadora Marina Silva a
quem se referia como: "Senadora dos macacos", "Senadora dos
bichos", "Senadora da mata", e por tabela, "Senadora dos
índios".
Os tempos são outros, é verdade, mas as formas de
dominação se repetem.
Nossos índios, a quem devemos uma missa por dia
para sermos perdoados pelas atrocidades cometidas, continuam sendo explorados e
enganados, mesmo 510 anos depois da invasão de Cabral.
É difícil para quem passou da Segunda Série, ver
uma foto daquelas e não achar ridículo. Não achar, pelo menos paradoxal.
Segundo a wikipédia, paradoxo é uma declaração
aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação
que contradiz a intuição comum. Em termos simples, um paradoxo é "o oposto
do que alguém pensa ser a verdade".
"Do que alguém (que não sou eu) pensa ser a
verdade"... Entendeu?
Então é isso, ou se é crítico ou se é cretino. Prefiro
ser crítico e ter uma memória que não me faça esquecer fácil as insanidades que
ouço por aí. Muito menos algumas imagens em que há, clara e manifesta, uma
"mão-invisível".
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